quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Mais um prémio para Amadeu Baptista
Este prémio, atribuído pela Câmara Municipal de Vila Viçosa desde 1981, é atribuído de 2 em 2 anos à Poesia e à Ficção alternadamente, premiando obras literárias inéditas de língua portuguesa.
Este ano foi a vez da Poesia e o júri atribuiu o prémio a Amadeu Baptista pela obra «Outros Domínios».
Foram também atribuídas duas menções honrosas a «Espaço Livre com Barcos», de Graça Pires, e «Quebranta Água do Tempo», de Luís Aguiar.
Amadeu Baptista nasceu no Porto em 1953. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade do Porto e tem colaborações dispersas em jornais e revistas nacionais e estrangeiros. A sua poesia já foi traduzida para castelhano, italiano, inglês, francês e romeno. É divulgador em Portugal de poetas espanhóis e hispano-americanos. Está representado em diversas antologias e livros colectivos.
Publicou “As Passagens Secretas” (1982), “Green Man & French Horn” (1985), “Maçã” (1986) (Prémio José Silvério de Andrade - Foz Côa Cultural, 1985), “Kefiah” (1988), “O Sossego da Luz” (1989), “Desenho de Luzes” (1997), “Arte do Regresso” (1999) (Prémio Pedro Mir, na categoria de Língua Portuguesa, México), “As Tentações” (1999), “A Sombra Iluminada” (2000), “A Noite Ismaelita” (2000), “ A Construção de Nínive” (2001), “Paixão” (2003) (Prémio Vítor Matos e Sá e Prémio Teixeira de Pascoaes 2004), “Sal Negro” (2003), “O Som do vermelho - Tríptico Poético sobre pintura de Rogério Ribeiro” (2003), “O Claro Interior” (2004), (Prémio de Poesia e Ficção de Almada), “Salmo” (2004), “Negrume” (2006), “Antecedentes Criminais (Antologia Pessoal 1982-2007)” (2007) e “O Bosque Cintilante” (2007) (Prémio Nacional Sebastião da Gama 2007).
Foi recentemente distinguido com o Prémio Nacional de Poesia Natércia Freire 2007, atribuído pela Câmara Municipal de Benavente pela obra «Poemas de Caravaggio».
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Sugestão da Andante para esta semana
DIA DE NATAL
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros — coitadinhos — nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra — louvado seja o Senhor! — o que nunca tinha pensado comprar.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama. Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
António Gedeão
Interpretado pela Andante:
Voz: Cristina Paiva e João Brás; Música: Tim Story; Sonoplastia: Fernando Ladeira
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Hoje nasceu...
19 de Dezembro de 1924
Alexandre O’Neill
Poeta português
Artigos relacionados:
Biografia
Poemas: Fala ; Daqui, desta Lisboa compassiva... ; Um adeus português ; Poema pouco original do medo
Alexandre O'Neill
Em 1948, juntamente com Mário Cesariny, António Pedro, Vespeiro e José Augusto França, O'Neill lançou-se na aventura do surrealismo, um movimento que surgiu como provocação ao regime político vigente, e à poesia neo-realista. Mas em 1950 decidiu-se pelo abandono polémico do Movimento Surrealista, expressando desta forma o seu desagrado pelo rumo em que o surrealismo mergulhara. Contudo, a sua poesia conservou traços surrealistas.
O'Neill, à semelhança de muitos artistas portugueses não pôde viver da sua arte. Afirmava "viver de versos e sobreviver da publicidade" e foi de facto a publicidade o modo que O'Neill encontrou para ganhar o sustento. Numa área que requer destreza e à-vontade com as palavras, O'Neill sentia-se como peixe na água. Porém, não criou nenhum vínculo afectivo com esta profissão. Criou algumas frases publicitárias que ficaram na memória, como por exemplo "Boch é Bom" ou um outro slogan, que é já provérbio, "Há mar e mar, há ir e voltar". A publicidade deu-lhe o conforto económico de que necessitava, mas sempre que se enfastiava mudava de agência publicitária.
No seu vasto currículo constam diversas colaborações para jornais, revistas e televisão.
Em 1953 foi preso pela PIDE durante 40 dias.
A pátria era o seu tema mais constante, e o gosto pelo jogo de palavras e pelo brincar a sério com a língua portuguesa foi uma das marcas constantes da sua poesia. Talvez por isso tenha sido pouco compreendido em vida, pagando o preço por se ter recusado a seguir qualquer poesia da moda.
Publicou dois livros em prosa narrativa, As Andorinhas não Têm Restaurante e Uma Coisa em Forma de Assim, e as Antologias Poéticas de Gomes Leal e de Teixeira de Pascoaes (em colaboração com F. Cunha Leão), de Carl Sandburg e João Cabral de Melo Neto. Gravou o disco «Alexandre O'Neill Diz Poemas de Sua Autoria». Em 1966, em Itália, foram publicados poemas de O’Neill como título Portogallo mio rimorso. Recebeu em 1982 o Prémio da Associação de Críticos Literários.
Faleceu em 1986, de doença cardíaca.
Obra:
Poesia:
A Ampola Miraculosa (Poema Gráfico) – Cadernos Surrealistas, Lisboa, 1948
Tempo de Fantasmas – Cadernos de Poesia, Lisboa, 1951
No Reino da Dinamarca – Poesia e Verdade, Guimarães Editores, Lisboa, 1958
Abandono Vigiado – Poesia e Verdade, Guimarães Editores, Lisboa, 1960
Poemas com Endereço – Círculo de Poesia, Livraria Moraes Editora, Lisboa 1962
Feira Cabisbaixa – Poesia e Ensaio, Ulisseia, Lisboa, 1965; 2ª edição, Sá da Costa Editora, Lisboa, 1979
Portugallo Mio Rimorso – Col. di Poesia, Einaudi, Torino, 1966
No Reino da Dinamarca – Obra Poética (1951-1965) – Poesia e Verdade, Guimarães Editores, Lisboa, 1969
De Ombro na Ombreira –Cadernos de Poesia, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Abril, 1969; 2ª edição, Cadernos de Poesia, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Setembro, 1969
Entre a Cortina e a Vidraça –Auditorium, Estúdios Cor, Lisboa, 1972
No Reino da Dinamarca – Obra Poética (1951-1969) – "Poesia e Verdade", Guimarães Editores, Lisboa, 1974
Made in Portugal – Quaderni della Fenice, nº 29, Guanda, Milão, 1978
A Saca de Orelhas – Sá da Costa Editora, Lisboa, 1979
Poesias Completas, 1951-1981 –Biblioteca de Autores Portugueses, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa, 1982
Poesias Completas, 1951-1983 – 2ª ed. rev. aum. Biblioteca de Autores Portugueses, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa, 1984
O Princípio da Utopia, o Princípio da Realidade seguidos de Ana Brites, Balada Tão Ao Gosto Português & Vários Outros Poemas, 1986 – Círculo da Poesia, Moraes Editora, Lisboa, 1986
Poesias Completas, 1951-1986 – 3ª ed. rev. aum. Biblioteca de Autores Portugueses, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa, 1990
Poesias Completas, 1951-1986 – Assírio & Alvim, Lisboa, 2000
Prosa:
As Andorinhas não têm Restaurante (crónicas) – Cadernos de Literatura, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1970
Uma Coisa em Forma de Assim (crónicas) – Edic, Lisboa, 1980; Editorial Presença, Lisboa, 1985
Discos:
Alexandre O' Neill diz poemas da sua autoria – A Voz e o Texto, Discos Decca
Os Bichos também são gente (Poemas dedicados aos bichos e ditos pelo autor) – A Voz e o Texto, Discos Decca
Fala
Fala a sério e fala no gozo
Fá-la pela calada e fala claro
Fala deveras saboroso
Fala barato e fala caro
Fala ao ouvido fala ao coração
Falinhas mansas ou palavrão
Fala à miúda mas fá-la bem
Fala ao teu pai mas ouve a tua mãe
Fala francês fala béu béu
Fala fininho e fala grosso
Desentulha a garganta levanta o pescoço
Fala como se falar fosse andar
Fala com elegância muito e devagar.
Alexandre O'Neill
Na voz de Luís Gaspar:
Daqui, desta Lisboa compassiva...
Nápoles por suíços habitada,
onde a tristeza vil e apagada
se disfarça de gente mais activa;
daqui, deste pregão de voz antiga,
deste traquejo feroz de motoreta
ou do outro de gente mais selecta
que roda a quatro a nalga e a barriga;
daqui, deste azulejo incandescente,
da soleira de vida e piaçaba,
da sacada suspensa no poente,
do ramudo tristolho que se apaga;
daqui, só paciência, amigos meus!
Peguem lá o soneto e vão com Deus.
Alexandre O'Neill
Na voz de Luís Gaspar:
Um adeus português
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz de ombros puros e a sombra
de uma angústia já purificada
Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor
Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver
Não podias ficar nesta cama comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual
Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal
Não tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser
Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal
*
Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti
Alexandre O'Neill
Na voz de Luís Gaspar:
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Poetisa Joana Serrado venceu prémio na Holanda
O seu primeiro livro, «O Tratado de Botânica» foi editado pela Quasi, ganhou uma menção honrosa no Prémio Daniel Faria (2006), instituído pela Câmara Municipal de Penafiel e está a ser traduzido para neerlandês.
Joana Serrado, especialista em mística feminina medieval, licenciou-se em Filosofia pela Universidade de Coimbra, onde trabalhou como assistente de investigação sobre escolástica conimbricense.
Sugestões para os próximos dias
19 de Dezembro (quarta-feira):
PORTO – Recital de Poesia
Hoje, no Piano-bar do Clube Literário do Porto, pelas 22h00:
Quartas Mal Ditas - Ler poesia II
Coordenação de Anthero Monteiro.
Colaboração: António Pinheiro, Diana Devezas, Joana Padrão, Luís Carvalho, Mário Vale de Lima, Rafael Tormenta.
20 de Dezembro (quinta-feira):
SINTRA - Os Meninos d'Avó recebem Paulo Brito e Abreu
Hoje, 20 de Dezembro, pelas 22h00, os Meninos d'Avó recebem uma vez mais o poeta Paulo Brito e Abreu, desta vez no Café-Bar 2 ao Quadrado (atrás da estação CP de Sintra). O autor de "Uma Oração Portuguesa" recitará poema seus dos últimos 30 anos.
Paulo Jorge Brito e Abreu dedica a récita «ao ecumenismo, ao desarmamento nuclear e às causas traídas do amor e da paz». Nasceu em Lisboa, a 27 de Maio de 1960. Além de cantor, é poeta, conferencista, ensaísta, filósofo e crítico literário. Licenciou-se, em 1986, em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Obras: Cântico Jovem para a Tua Rebelião, 1984; O Bafo do Dragão, 1987; A Minha Tropa Foram os «Rolling Stones», 1989; Agricultura Celeste, 1992; Loas à Lua, 1996 (2ª edição, 2000); O Livro e a Lavra, 1999 (inclui o Cântico Jovem para a Tua Rebelião); Ignota Fauna, 2005.
PORTO – Lançamento e Recital
Hoje, no Clube Literário do Porto:
Auditório; 22h00:
Lançamento do livro «Uma Luz de Papel»
Fotografia Renato Roque
Autores: Ana Luísa Amaral, Jorge Marmelo, Carlos Alberto Braga, Emílio Remelhe, Filipa Leal, Inês Lourenço, João Pedro Mésseder, Jorge Sousa Braga, Jorge Velhote, José Rui Teixeira, Manuel António Pina, Mário Cláudio, Regina Guimarães, Teresa Tudela.
Piano-bar; 21h30:
O Prazer do Texto: Poemas de Natal
Dinamização: Paulina Figueiredo.
LISBOA – Convívio Poético no Martinho da Arcada
Convívios Poéticos do Círculo Nacional d'Arte e Poesia
Até 27/12/2007
Quintas, 16h-18h
Informações Úteis: 213 973 717
Café Martinho da Arcada
Endereço: Pç. do Comércio, 3
Telefone: 21 887 92 59/21 886 62 13; Fax: 21 886 77 57
21 de Dezembro (sexta-feira):
PORTO - Lançamento de Livro de poesia
O livro "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser lançado hoje, dia 21, pelas 22.30 h, no bar Real Feytoria, no Porto (à Ribeira).
"Um Poeta a Mijar" sucede a "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro. Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (2004), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e a "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, Grémio Lusíada, 1988). "Um Poeta a Mijar" combina o surrealismo e o Dada com o beatnick, a mulher e a noite com o palco e a loucura.
A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968.
Diz regularmente poesia no norte do país. Foi fundador e é colaborador da revista Aguasfurtadas.
LISBOA - Wordsong no CCB
Wordsong, projecto que alia a poesia à música, constituído pelos músicos Pedro d'Orey (Mler If Dada), Alexandre Cortez (Rádio Macau), Nuno Grácio, Filipe Valentim (Rádio Macau) e alguns artistas convidados, apresentam hoje, 21 de Dezembro, no grande auditório do CCB, às 21h, uma mistura dos seus dois trabalhos, dedicados à poesia de Al Berto (2002) e Fernando Pessoa (2006). A primeira parte do espectáculo será assegurada por Lula Pena.
Mais informações aqui.
sábado, 15 de dezembro de 2007
Saudade 9
No final do Verão saiu o número 9 da Saudade, revista de poesia com periodicidade anual a cargo da Associação Amarante Cultural e dirigida por António José Queirós.
Esta edição tem no corpo o mote para os poemas nela coligidos. Participam 51 poetas de quatro países: Portugal, Espanha (sobretudo da Galiza), Grécia e Brasil.
Eis os nomes dos poetas: Alfredo Ferreiro, Alice Daniel, Amadeu Baptista, Anditytas Soares de Moura, António Cândido Franco, António José Queirós, António Manuel Couto Viana, António Salvado, António Vera, Aricy Curvello, Casimiro de Brito, Cyro de Mattos, Daniel Maia-Pinto Rodrigues, Eduarda Chiote, Elsa Seabra, Fátima Valverde, Fernando Botto Semedo, Fernando Grade, Fernando Pinto Ribeiro, Gabriel Nascente, Henrique Fialho, Iacyr Anderson Freitas, Iannos Ritsos, Isabel Cristina Pires, Isabel Guimarães, Jesús Cobo, João Ricardo Lopes, João Rui de Sousa, Joaquim Cardoso Dias, Jorge Reis-Sá, José Manuel Vasconcelos, Juliana Miranda, Julião Bernardes, Maria Natália Miranda, Maria do Sameiro Barroso, Maria Sousa, Maria Teresa Dias Furtado, Mavilde Lobo Costa, Nicolau Saião, Paulo Brito e Abreu, Pompeu Miguel Martins, Ramiro Torres, Rui Almeida, Rui Caeiro, Ruy Ventura, Susete Viegas, Tati Mancebo, Ulisses Duarte, Vaza Pinheiro, Vítor Oliveira Jorge e Xosé Lois García.
No conjunto das 64 páginas desta revista podem ler-se as múltiplas interpretações do corpo no imaginário poético dos autores que o cantam e celebram.
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Morreu Fernanda Botelho
Fernanda Botelho (1926-2007)
Ficcionista, tradutora e poetisa, foi, nos anos 50, uma das fundadora dos cadernos de poesia Távola Redonda, que dirigiu com Maria Judite de Carvalho, António Manuel Couto Viana, David Mourão-Ferreira e Luís de Macedo, no primeiro dos quais (1950) se estreou com seis poemas. Colaborou também em várias outras revistas e jornais, como Colóquio Letras, Graal, Europa, Panorama, Tempo Presente, Diário de Notícias, e ainda na Televisão, no programa "Convergência".
Fez bastantes traduções, de que se salienta O Inferno, de Dante, que lhe valeu uma medalha da Direcção Geral das Relações Culturais de Itália.
Recebeu, entre outros, o Prémio Camilo Castelo Branco, da Sociedade Portuguesa de Escritores, 1960; Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários, 1987; Prémio Municipal Eça de Queiroz, da Câmara Municipal de Lisboa, 1990; Prémio P.E.N. Clube Português de Ficção, 1994; e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB, 1998.
As Coordenadas Líricas
Desviou-se o paralelo um quase nada
e tudo escureceu:
era luz disfarçada em madrugada
a luz que me envolveu
A geométrica forma de meus passos
procura um mar redondo.
Levo comigo, dentro dos meus braços,
oculto, todo o mundo.
Sozinha já não vou. Apenas fujo
às negras emboscadas.
Em cada esfera desenho o meu refúgio
— as minhas coordenadas.
"Coordenadas Líricas" (1951)
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Nova livraria em Lisboa
A Byblos é a primeira de uma cadeia portuguesa de livrarias cujo conceito é a disponibilização de tudo o que as editoras editam no mercado português.
A livraria situa-se no edifício Amoreiras Square, num espaço de dois pisos, e terá um total de 3300 metros quadrados.
A livraria terá ainda uma nova tecnologia para que o comprador possa facilmente encontrar qualquer livro, através de um sistema de identificação por radiofrequência, em que todos os livros e estantes estarão integrados numa rede informática.
Em mais de 50 ecrãs e 12 postos de atendimento espalhados pela livraria, o comprador poderá aceder ao «bilhete de identidade» do livro, caso não o encontre nas estantes.
A livraria terá ainda um auditório, uma sala de exposições, uma cafetaria, uma área de venda de revistas e jornais, outra dedicada a CD, DVD e jogos de computador.
A partir de Março, a livraria irá organizar semanas temáticas, com actividades dedicadas aos mais variados assuntos, incluindo actividades paralelas que podem incluir uma prova de vinhos, uma mostra de queijos ou recitais de poesia.
Em 2008 abrirá uma segunda livraria Byblos, desta vez no Porto, que promete ser ainda maior do que a de Lisboa. Está ainda em perspectiva a abertura de outras duas livrarias, possivelmente em Braga e em Faro.
Prémios "Livrodoano" 2007
A Livraria Livrododia (Torres Vedras) promove os prémios Livrododia 2007, para que em conjunto com os seus clientes e amigos dar destaque ao que de melhor foi feito no mundo dos livros em 2007.
Assim, a Livraria abriu a concurso as seguintes categorias:
- Melhor Livro de Ficção
- Melhor Livro de Poesia
- Melhor Livro de Ilustração
- Melhor capa de Livro
Para participar, deverão enviar um email para livrododia@gmail.com, nomeando três livros para cada uma das categorias. Esta votação decorrerá até 31 de Dezembro.
Feita a selecção dos cinco mais votados, esses livros voltarão a estar a votação até ao fim de Janeiro, para se escolherem os vencedores de cada uma das categorias.
Os vencedores terão destaque no site e nas livrarias Livrododia, e poderão ser adquiridos com descontos.
Entre os participantes das votações, a Livraria Livrododia sorteará exemplares dos livros vencedores.
Agora, é começar a votar! E olhem que, de Poesia, foram editados muitos livros este ano...
Sugestões para a próxima semana
10 de Dezembro (segunda-feira):
PORTO – Música e Poesia no Clube Literário do Porto
Hoje, 10 de Novembro, no Piano-bar do Clube Literário do Porto, pelas 21:00h:
“Música e Poesia” - As escolhas do Professor Nuno Grande
Declamações de poemas por elementos do grupo de teatro Sótão acompanhamento ao piano por membros do CICBAS.
O Clube Literário do Porto fica na Rua Nova da Alfândega, 22 - Porto.
12 de Dezembro (quarta-feira):
LISBOA - Poesia de Casimiro de Brito na Casa Fernando Pessoa
Hoje, 12 de Dezembro, pelas 18h30 serão apresentados 4 dos 9 livros que o escritor Casimiro de Brito editou este ano em vários países. Os livros a lançar na Casa Fernando Pessoa serão: Arte de Bem Morrer (Edições Roma) poesia, segundo volume do Livro das Quedas a apresentar por Fernando J. B. Martinho; Fragmentos de Babel (Quasi) fragmentos estéticos a apresentar por Álvaro Manuel Machado; Musica Mundi (Ed. Escritoras, São Paulo) antologia organizada pelo poeta Ildásio Tavares a apresentar por Maria João Cantinho; e Através do Ar (Shichigatsudo, Tóquio) livro de haiku a 4 mãos com o poeta japonês Ban’ Ya Natsuishi e em 4 línguas: Português, Japonês, Inglês e Francês a apresentar pelo próprio Autor. No final haverá um beberete.
A Casa Fernando Pessoa fica na Rua Coelho da Rocha, 16 (Lisboa).
13 de Dezembro (quinta-feira):
LISBOA – Apresentação de Livro de Poesia
Hoje, 13 de Dezembro, pelas 18:30, terá lugar a apresentação do livro de poesia "Estrofes Elementares" de António Vera (Edições Colibri), na Casa Fernando Pessoa.
O livro será apresentado por Tereza Moura Guedes.
Haverá ainda um recital por Regina Duarte e Isabel Rodeia (Grupo de Jograis da Academia de Cultura e Cooperação da União das Misericórdias Portuguesas).
A Casa Fernando Pessoa fica na Rua Coelho da Rocha, 16 (Lisboa).
LISBOA – Convívio Poético no Martinho da Arcada
Convívios Poéticos do Círculo Nacional d'Arte e Poesia
Até 27/12/2007
Quintas, 16h-18h
Informações Úteis: 213 973 717
Café Martinho da Arcada
Endereço: Pç. do Comércio, 3
Telefone: 21 887 92 59/21 886 62 13; Fax: 21 886 77 57
15 de Dezembro (sábado):
LISBOA – Apresentação de Livro de Poesia
Hoje, 15 de Dezembro, terá lugar no no Santiago Alquimista, em Lisboa, pelas 22:30h, a apresentação do livro «Amor ah Tona» de Hugo Villier, editado pela Corpos Editora.
Hoje, 15 de Dezembro, na Galeria Municipal Artur Bual (Amadora), pelas 15 horas, terá lugar o
lançamento do livro "Tempo per verso3", da tertúlia poética "Sempre Acontece Poesia", da Amadora, coordenada por Mário Matta e Silva.
O Grupo de Jograis "U...Tópico" dirá um poema de cada um dos autores da tertúlia que colaboraram nesta antologia.
Venham daí esses poemas com esperança!
Desta vez o mote é... a esperança.
Um novo ano aí vem e, com ele, novas esperanças. Sobretudo a de um mundo melhor.
Inspirem-se e enviem-me os vossos poemas até 7 de Janeiro de 2008, para o e-mail: inesramos.designer@gmail.com
No dia 15 de Janeiro aqui estarão todos. E, como de costume, um deles gravado em áudio pelo locutor Luís Gaspar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
(Pedra Filosofal)
António Gedeão
sábado, 8 de dezembro de 2007
Florbela Espanca
A sua obra lírica, iniciada em 1919 com o livro "O Livro das Mágoas" influenciou um movimento de emancipação feminina no mundo literário, tendo sido considerada uma poetiza sem precedentes na literatura portuguesa da época. Em 1923 publicou "Livro de Soror Saudade".
Só depois da sua morte é que Florbela viria a ser conhecida do grande público, sobretudo com a publicação do livro "Charneca em Flor", em 1930, ano em que morreu, em Matosinhos.
Logo a seguir à sua morte (1931) foram publicados "Reliquae", "A Máscara do Destino" e "Dominó Negro" (contos).
Hoje nasceu...
8 de Dezembro de 1894
Florbela Espanca
Poetisa portuguesa
Artigos relacionados:
Biografia
Poemas: Eu... ; Ser poeta ; Se tu viesses ver-me... ; Árvores do Alentejo ; Soneto VII ; Amar! ; Amiga ; Supremo enleio
Na estante de culto: Florbela Espanca – Poesia completa
Quanta mulher no teu passado, quanta!
Tanta sombra em redor! Mas que me importa?
Se delas veio o sonho que conforta,
A sua vinda foi três vezes santa!
Erva do chão que a mão de Deus levanta,
Folhas murchas de rojo à tua porta...
Quando eu for uma pobre coisa morta,
Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta!
Mas eu sou a manhã: apago estrelas!
Hás-de ver-me, beijar-me em todas elas,
Mesmo na boca da que for mais linda!
E quando a derradeira, enfim, vier,
Nesse corpo vibrante de mulher
Será o meu que hás-de encontrar ainda...
Florbela Espanca
Na voz de Carmen Dolores:
Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor
A mais triste de todas as mulheres.
Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa a mim?! O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for
Bendito sejas tu por mo dizeres!
Beija-me as mãos, Amor, devagarinho...
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...
Beija-mas bem!... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei prà minha boca!...
Florbela Espanca
Na voz de Carmen Dolores:
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Florbela Espanca
Na voz de Sofia Aparício:
São mortos os que nunca acreditaram
Que esta vida é somente uma passagem,
Um atalho sombrio, uma paisagem
Onde os nossos sentidos se poisaram.
São mortos os que nunca alevantaram
De entre escombros a Torre de Menagem
Dos seus sonhos de orgulho e de coragem,
E os que não riram e os que não choraram.
Que Deus faça de mim, quando eu morrer,
Quando eu partir para o País da Luz,
A sombra calma de um entardecer,
Tombando, em doces pregas de mortalha,
Sobre o teu corpo heróico, posto em cruz,
Na solidão dum campo de batalha!
Florbela Espanca
..........................................Ao Prof. Guido Battelli
Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
— Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca
Ser poeta
Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
BN comprou o manuscrito "Indícios de Oiro" de Mário de Sá-Carneiro
Este livro só foi publicado em 1937, 21 anos após a morte do poeta, pela Presença.
Dois dos cadernos contêm muitas notas do autor e também as revistas Orpheu 1 e Orpheu 2. Num terceiro caderno, criado postumamente, foram reunidos recortes de jornais soltos nos quais também estão contidas algumas anotações.
Estas obras vão juntar-se ao espólio de 72 documentos de Mário de Sá-Carneiro, na posse da BN, constituído por poesias, contos, escritos de juventude, cadernos escolares e cartas.
Estes documentos são muito valiosos já que Mário de Sá-Carneiro destruiu muitos dos seus escritos e são poucos os que restaram. Porém, foi possível recolher alguns que o autor enviou a amigos, nomeadamente a Fernando Pessoa.
O manuscrito "Indícios de Oiro" e os três cadernos vão receber um tratamento especial de limpeza e preservação antes de se reunirem ao restante acervo do autor, e deverão estar disponíveis para consulta dentro de cerca de três meses.
Também esteve à venda, no mesmo leilão, uma fotografia de Fernando Pessoa com 10 anos, assinada pelo futuro poeta e com a seguinte dedicatória "à sua boa amiga Maria Ignácia de Saldanha Sette offerece como prova de muita amizade o seu amiguinho - Fernando", que foi arrematada por 11.000 euros.
Dos 50 lotes leiloados fizeram ainda parte os dois primeiros números da revista inglesa "Blast", em que colaboraram os poetas T. S. Eliot e Ezra Pound, "De secretis Libri XVII Ex variis Authoribus collecti", um livro hermético do século XVI, de Johann Jacob Wecker, cartazes editados pelo Estado Novo, uma fotografia de Sarah Bernhardt com dedicatória a Silva Pinto e um conjunto de fotografias de Fernando Pessoa.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Às Escuras, o Amor
A Associação Artística Andante que corre o país de lés a lés desde 1999 com espectáculos, recitais, ateliês, leituras em voz alta... procurando sempre novos públicos para a poesia e para a prosa e especialmente para o teatro, através dos princípios da curiosidade e do prazer, está neste momento a apresentar um espectáculo pelo país fora que se chama “Às escuras, o amor”.
Os espectáculos não são recitais no seu sentido mais convencional. Partem de um conjunto de formas possíveis (e às vezes impossíveis) de ler um texto.
As imagens são construídas dentro de cada pessoa a partir da sonoridade que as palavras têm (porque para além de um sentido, também possuem a sua sonoridade) e da sonoplastia que a Andante lhes impõe para lhes dar uma nova "versão".
“Às escuras, o amor” (que é também o título de um poema de David Mourão Ferreira), tem poemas de vários autores (maioritariamente portugueses) sobre o Amor.
Ficha técnica:
Textos : Vários
Encenação: Rui Paulo
Pesquisa: Cristina Paiva e Fernando Ladeira
Interpretação: Cristina Paiva
DJing: DJ grandE
Sonoplastia: Fernando Ladeira
Concepção Plástica: Maria Luiz
Fotografia: Carla d’Almeida Lopes e Vitor MM Costa
Produção: Andante Associação Artística
Apoio: Câmara Municipal de Alcochete
Os próximos espectáculos estão marcados para:
5 Dezembro de 2007: Biblioteca Municipal de Loures, às 21.00h
6 Dezembro de 2007: Biblioteca Municipal de Torres Vedras, às 11.00h e às 14.30h
7 Dezembro de 2007: Biblioteca Municipal de Matosinhos, às 17.15h
8 Dezembro de 2007: Biblioteca Municipal de Porto de Mós; Cine-Teatro de Porto de Mós, às 21.30h
Novidades Bertrand
domingo, 2 de dezembro de 2007
Sugestões para os próximos dias
4 de Dezembro (terça-feira):
LISBOA – Apresentação de Livro na Casa Fernando Pessoa
Terá lugar hoje, 4 de Dezembro, na Casa Fernando Pessoa, a sessão de apresentação do livro de poesia “Elementos” de Rudolfo Miguel Begonha (Papiro Editora), pelas 18h30.
A apresentação da obra estará a cargo de Ana Briz e Valter Guerreiro.
A Casa Fernando Pessoa fica na Rua Coelho da Rocha, 16 - Campo de Ourique, em Lisboa.
LISBOA – Apresentação de Livro de Poesia de Mário Castrim
Apresentação do livro de poesia “Do Livro dos Salmos” de Mário Castrim (Campo das Letras).
Ilustrações de Rogério Ribeiro.
150 poemas que Mário Castrim escreveu enquanto colaborou nas revistas Além-Mar e Audácia, dos Missionários Combonianos, até pouco antes de falecer, em Outubro de 2002.
O lançamento está marcado para o dia 4 de Dezembro, no auditório da Revista Além-Mar, em Lisboa, e será apresentado pelo poeta José Tolentino Mendonça.
5 de Dezembro (quarta-feira):
PORTO - Apresentação do Livro de Poesia de Jorge Casimiro
Terá lugar hoje, 5 de Dezembro, no Clube Literário do Porto, a apresentação do livro de poesia "Murmúrios Ventos" (edição Pássaro de Fogo), e do CD “Ternas Alquimias” de Jorge Casimiro, pelas 21h30 horas.
A apresentação será feita por Anthero Monteiro.
Haverá recital de Poesia e música ao vivo: Maestro Francisco Tavares, Piano.
LISBOA – Poesia Vadia na Fábrica Braço de Prata
Hoje, pelas 22:30h, na Sala Arendt:
Poesia Vadia
Org. Pedro Mota
A Fábrica Braço de Prata fica na Rua da Fábrica do Material de Guerra, nº1 (em frente aos Correios do Poço do Bispo), em Lisboa.
LISBOA- Lançamento na Casa Fernando Pessoa
Terá lugar hoje, 5 de Dezembro, na Casa Fernando Pessoa, o lançamento do livro de poesia "Seivas de Inquietude" de José Miguel Lopes (Papiro Editora), pelas 17 horas.
A apresentação estará a cargo de Fernando Pinto do Amaral.
Haverá leitura de poemas pelo actor João d'Ávila.
6 de Dezembro (quinta-feira):
PORTO – Os Prémios do PEN Clube 2006
Hoje, 6 de Dezembro, terá lugar no Auditório do Clube Literário do Porto, pelas 21:30h, uma sessão pública sobre o tema OS PRÉMIOS DO P.E.N. EM 2006.
Com a presença dos escritores:
- Mário Cláudio
- Camilo Broca (Romance), Prémio de Ficção do PEN Clube, 2006 (Dom Quixote)
- José Pedro Serra, Pensar o Trágico, Prémio de Ensaio do PEN Clube, 2006 (Fundação C. Gulbenkian/FCT)
- Gastão Cruz, A Moeda do Tempo, Prémio de Poesia do PEN Clube, 2006 (Assírio & Alvim)
Apresentação de Maria João Reynaud (da direcção do PEN Clube Português) e Rui Lage, Poeta e Ensaísta
O Clube Literário do Porto fica na Rua Nova da Alfândega, 22 - Porto
LISBOA – Lançamento na Casa Fernando Pessoa
Hoje, 6 de Dezembro, terá lugar na Casa Fernando Pessoa a apresentação do livro de poesia "Pêndulo" de Paulo Tavares (Quasi Edições), pelas 19 horas.
A Casa Fernando Pessoa fica na Rua Coelho da Rocha, 16 - Campo de Ourique, em Lisboa.
LISBOA – Convívio Poético no Martinho da Arcada
Convívios Poéticos do Círculo Nacional d'Arte e Poesia
Até 27/12/2007
Quintas, 16h-18h
Informações Úteis: 213 973 717
Café Martinho da Arcada
Endereço: Pç. do Comércio, 3
Telefone: 21 887 92 59/21 886 62 13; Fax: 21 886 77 57
7 de Dezembro (sexta-feira)
LISBOA – Apresentação do Livro "Mensagem" de Fernando Pessoa
Terá lugar hoje, na Casa Fernando Pessoa, pelas 19 horas, a apresentação da nova edição da “Mensagem” de Fernando Pessoa, pelas Edições Caixotim.
A apresentação será feita por Artur Anselmo, António Carlos Carvalho e pelo editor. Em simultâneo, será inaugurada uma exposição de alguns trabalhos de Cynthia Guimarães Taveira, autora da serigrafia que acompanha a «edição especial» desta obra.
A Casa Fernando Pessoa fica na Rua Coelho da Rocha, 16 - Campo de Ourique, em Lisboa.
Hoje nasceu...
2 de Dezembro de 1877
Teixeira de Pascoaes
Poeta português
Artigos relacionados:
Biografia
Poemas: Antiga dor ; Depois da vida ; Os oslhos dos animais
Teixeira de Pascoaes
Formou-se em direito pela Universidade de Coimbra no ano de 1901. Exerceu a advocacia em Amarante e no Porto, prosseguindo ao mesmo tempo a sua carreira literária. Estreou-se nas letras com a colectânea de versos "Embriões" em 1895.
Em 1910, com Leonardo Coimbra e Jaime Cortesão, entre outros, fundou a revista "Águia" órgão da Renascença Portuguesa, de que veio a ser director literário e onde largamente defendeu o Saudosismo como estética literária. Em 1929 foram publicadas pela primeira vez as Obras Completas de Teixeira de Pascoaes.
Morreu em 1952.
Obra:
1895 "Embriões" (poesia)
1896 "Belo" (poesia) 1ª parte
1897 "Belo" 2ª parte
1898 "À Minha Alma" e "Sempre" (poesia)
1899 "Profecia" (poesia) em colaboração com Afonso Lopes Vieira
1901 "À Ventura" (poesia)
1903 "Jesus e Pan" (poesia)
1904 "Para a Luz" (poesia)
1906 "Vida Etérea" (poesia)
1907 "As Sombras" (poesia)
1909 "Senhora da Noite" (poesia)
1911 "Marânus" (poesia)
1912 "Regresso ao Paraíso" (poesia). "Elegias" (poesia); "O Espírito Lusitano e o Saudosismo" (conferência)
1913 "O Doido e a Morte" (poesia); "O Génio português na sua expressão filosófica poética e religiosa" (conferência)
1914 "Verbo Escuro" (aforismos); "A Era Lusíada" (conferência)
1915 "A Arte de Ser Português" (prosa didáctica)
1916 "A Beira Num Relâmpago" (prosa)
1919 "Os Poetas Lusíadas" (conjunto de conferências proferidas na Catalunha)
1921 "O Bailado" (prosa filosófica) e "Cantos Indecisos" (poesia)
1922 "Conferência" e "A Caridade" (conferência)
1923 "A Nossa Fome" (prosa filosófica)
1924 "A Elegia do Amor" (verso) e "O pobre Tolo"
1925 "D. Carlos" (poesia); "Cânticos" (poesia); "Sonetos"
1926 "Jesus Cristo em Lisboa" (peça de teatro escrita em colaboração com Raul Brandão)
1928 "Livro de Memórias" (prosa autobiográfica)
1934 "S. Paulo" (biografia romanceada)
1936 "S. Jerónimo e a Trovoada" (biografia romanceada)
1937 "O Homem Universal" (prosa filosófica)
1940 "Napoleão" (biografia romanceada)
1942 "Camilo Castelo Branco O Penitente" (biografia romanceada); "Duplo Passeio" (prosa)
1945 "Santo Agostinho" (biografia romanceada)
1949 "Versos Pobres"
1950 "Duas conferências em defesa da paz"
Os olhos dos animais
Mais um queixume, um íntimo lamento
Da noite interior que lhe escurece
O coração, que é todo sentimento.
E os mansos bois soturnos! Que tormento,
Em seus olhos, tão calmos, transparece…
E os olhos da ovelhinha e os do jumento!
Que tristes! Só o vê-los entristece…
Chora, em todo o crepúsculo, a tristeza.
E, além do ser humano, a Natureza
É lívida penumbra feita de ais…
Por isso, o vosso olhar de escuridão
É mais lágrima ainda que visão,
Ó pobres e saudosos animais!
Teixeiar de Pascoaes
Depois da Vida
Em sombra, na profunda sepultura;
E o meu corpo, espectral e já perfeito,
Divagar entre o Olimpo e a terra dura;
Quando sentir, enfim, todo o meu peito
A converter-se em luminosa altura;
Eu, aquele fantasma, o claro eleito,
O enviado da vida à morte escura;
Ah, quando, em mim, eu for minha esperança!
Meu próprio ser, divino e redimido;
E minha sombra apenas for lembrança,
Bem longe, em outro mundo transcendente,
À luz dum sol jamais anoitecido,
Serei contigo, amor, eternamente.
Teixeira de Pascoaes
sábado, 1 de dezembro de 2007
Antiga dor
Tudo o que o nosso olhar só vê por um momento,
Tudo o que fica na Distância diluído,
Como num coração a voz do sentimento.
Tudo o que vive no lugar onde termina
Um amor, uma luz, uma canção, um grito,
A última onda duma fonte cristalina,
A última nebulosa etérea do Infinito...
Esse país aonde tudo principia
A ser névoa, a ser sombra ou vaga claridade,
Onde a noite se muda em clara luz do dia,
Onde o amor começa a ser uma saudade;
O longínquo lugar aonde o que é real
Principia a ser sonho, esperança, ilusão;
O lugar onde nasce a aurora do Ideal
E aonde a luz começa a ser escuridão...
A última fronteira, o último horizonte,
Onde a Essência aparece e a Forma terminou...
O sítio onde se muda a natureza inteira
Nessa infinita Luz que a mim me deslumbrou!...
O indefinido, a sombra, a nuvem, o apagado,
O limite da luz, o termo dum amor
Tornou o meu olhar saudoso e magoado,
Na minha vida foi minha primeira dor...
Mas hoje, que o segredo oculto da Existência,
Num momento de luz, o soube desvendar,
Depois que pude ver das Cousas a essência
E a sua eterna luz chegou ao meu olhar,
Meu infinito amor é a Alma universal,
Essa nuvem primeira, essa sombra d’outrora...
O Bem que tenho hoje é o meu antigo Mal,
A minha antiga noite é hoje a minha aurora!...
Teixeira de Pascoaes