terça-feira, 30 de setembro de 2008

Venha daí essa poesia experimental!


(ideograma da autoria de Ernesto de Melo e Castro)

Depois dos desafios anteriores que mereceram o vosso empenho,
aqui fica mais um para que me enviem, desta vez, poesia visual!
O objectivo é, sobretudo, dar a conhecer a todos os que visitam
este blogue (poetas ou não) os trabalhos de autores que se dedicam
à produção de poesia concreta e visual.
Mas também divulgar algumas experiências
que possam andar por aí "pelas gavetas" ou pelos discos rígidos,
ainda sem oportunidade de espreitar para fora...
Podem enviar-me os vossos trabalhos até 31 de Outubro.
Publicá-los-ei todos na semana seguinte.
Já sabem: o e-mail para onde devem enviar
os vossos trabalhos é: porosidade.eterea@gmail.com
Os que tiverem, enviem-me os endereços dos seus sites e blogues,
para serem aqui divulgados.

Outro Dia

Escrever assim...
escrever sem arte,
sem cuidado,
sem estilo,
sem nobreza,
nem lindeza...
sem maior concentração,
sem grandes pensamentos,
sem belas comparações,
não será escrever!
Mas assim me apetece,
que o entendam ou não,
que o admitam ou não,
escrever...
estender
o delgado, esfiado,
inoperante
pensamento.
Este pensar
não é actuar mentalmente,
sequer,
é descansar...

Estive deitada,
e agora estou sentada.
Deitada via as nuvens,
brancas do sol,
brilhantes,
enoveladas.
Tanta brancura
à frente dos meus olhos!
Afogava-me nela.
De que me lembrava?
Nem eu já sei.
As ideias do dia,
picadas sem dor,
a que sorria,
como apareciam, desapareciam...
Realmente,
só na hora,
no pleno instante
de nos assaltarem,
frescas e imprevistas,
têm o seu sabor.

Deitada,
com a luz nos olhos,
sonhava... sei que sonhava...
na única coisa em que se sonha,
na única coisa em que se pensa,
naquela que é a trama,
o fundo ora baço,
ora vivo,
persistente e teimoso,
das nossas preocupações...

Antes ensaiei vestidos,
mas todos usados...
Vestidos do verão,
leves,
remoçantes,
que dá gosto ensaiar.
É uma experiência que se faz...
Vemo-nos ao espelho
e ele que nos diz?
Tudo o que desejamos
e também o que receamos...
Que me diz o espelho?
Fala-me dos olhos,
fala-me do corpo,
engana-me...
Mas também me diz,
tantas vezes!:
nada esperes,
és tola.

Ai que podem os vestidos,
que podem os espelhos?
Tempo!
Tu é que tens a última palavra!
Corres,
e, sem dó, tudo inutilizas.
Bem hajas!
Inutiliza! Mas não demores!
Destrói, mata.
Que o pior mal,
de todos o pior,
é esperar,
sempre esperar.

Irene Lisboa

Na voz de Luís Gaspar:

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Toda a Poesia de Machado de Assis

No centenário da sua morte, a editora brasileira Record reuniu a totalidade da produção poética de Machado de Assis num livro de 756 páginas organizado por Cláudio Murilo Leal.
Do primeiro soneto, "À Ilma. Sra. D.P.J.A." (1854), ao último, "A Carolina" (1906), este livro contém 180 poemas de um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. O livro contém ainda 48 crónicas que Machado de Assis escreveu em verso, publicadas na "Gazeta de Holanda" entre 1886 e 1888, reproduzidas na íntegra neste volume.
Cláudio Murilo Leal, poeta e professor, defendeu na Academia Brasileira de Letras, em 2000, a tese de doutoramento "A Poesia de Machado de Assis".
Joaquim Maria Machado de Assis (21/6/1839-29/9/1908), nascido no Rio de Janeiro, foi romancista, contista, poeta, dramaturgo, crítico literário e tradutor.
Foi também um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e o seu primeiro presidente.

Luís Graça dá curso de escrita criativa

O escritor e poeta Luís Graça vai iniciar um curso no próximo dia 22 de Outubro na Associação Agostinho da Silva. Trata-se de um curso de escrita criativa a partir de álbuns de banda desenhada.
Já sabemos que o Luís escreve (genialmente) de tudo, até argumentos de banda desenhada. Será esta uma oportunidade para, a seguir, vir daí um curso sobre poesia (nomeadamente satírica, que é a sua especialidade)? Esperemos para ver. Se o Luís Graça "apanha a bagagem" e vai por aí fazendo cursos de escrita criativa, ninguém o pára.
Que este curso tenha lotação esgotada é o que desejo. E que a seguir, venha então o de poesia, para o qual serei a primeira inscrita. Uma coisa é certa, criatividade e boa disposição não faltarão em cursos ministrados pelo Luís Graça. Inscrevam-se!
Associação Agostinho da Silva, Rua do Jasmim, 11, 2º andar – 1200-228 Lisboa
E-Mail: AgostinhodaSilva@mail.pt
Tel.: 21 3422783 / 96 7044286
http: www.agostinhodasilva.pt

Curso de Literatura no CLP

No próximo dia 18 de Outubro, terá lugar no Clube Literário do Porto o "Curso de Literatura: Novíssima Geração" ministrado por Luís Ricardo Duarte, com o estudo de livros de José Luís Peixoto, Gonçalo M. Tavares, Jacinto Lucas Pires, João Tordo e Miguel Castro Caldas.

Plano do Curso

Apresentação:
Por que escrevem os que escrevem? O que é ser original? Novas tradições e velhas vanguardas Novíssima geração

José Luís Peixoto:
Tema: A poética da linguagem Livros: Morreste-me e Nenhum Olhar

Gonçalo M. Tavares:
Tema: A escrita do pensamento Livros: O Bairro e Biblioteca Livros: O Reino Livros: Jerusalém

Jacinto Lucas Pires:
Tema: A dimensão do jogo Livros: Para Averiguar do seu Grau de Pureza e Do Sol

João Tordo:
Tema: O suspense contínuo Livros: Hotel Memória e As Três Vidas

Miguel Castro Caldas:
Tema: A experiência autobiográfica Livros: Queres Crescer e Depois não Cabes na Banheira e As Sete Ilhas de Lisboa

Balanço:
O que faz um escritor? Entrevista imaginária

Local: Clube Literário do Porto
Formador: Luís Ricardo Duarte
Início: 18 de Outubro de 2008
Fim: 10 de Janeiro de 2009
Informações ou inscrições:
E-mail: clubeliterariodoporto@gmail.com (assunto: formação)
Telefone: 22 2089228
Ou, aqui.

Porto Poesia 2

O Porto Poesia 2 em Porto Alegre, vai começar já no próximo dia 6 de Outubro e prolonga-se até ao dia 12.
No seu segundo ano de realização o Porto Poesia deste ano representa todas as tendências da poesia actual brasileira, com uma programação intensa que contempla 12 palestras, 22 sessões de leituras de poesia, 4 rodas de poesias para crianças, 14 performances, 11 debates, 12 espetáculos, 10 oficinas, diversos lançamentos, sessões de autógrafos, saraus, apresentações livres, sessões de cinema e exposições de acervos, entre elas uma Mostra Nacional de Revistas de Poesia. Serão 10 horas diárias de eventos, totalizando 85 apresentações em 70 horas de actividades culturais. A organização estima a participação de cerca de 8 mil pessoas, durante o evento.
Porto Alegre é também sede de uma das mais tradicionais Feiras do Livro, com cerca de 50 anos de tradição e que ocorre na primeira quinzena de Novembro.

Na foto, o grupo Invasores, que fará uma performance na abertura do evento.
Mais informações sobre este festival, aqui.

Sugestão da Andante para esta semana


Areia XXXII

Sei lá cantar
a ilusão
dos meus problemas
- sem algemas
no chão.

Sei lá cantar
o que há em mim de sombra mais secreta
sem sentir o peso do planeta
no meu bandolim.

Já não sou eu que canto
- mas o espanto
do homem em mim.

José Gomes Ferreira


Voz: José Figueiredo Martins; Música: Amon Tobin; Sonoplastia: Fernando Ladeira

"Os Lusíadas" em mirandês

Amadeu Ferreira acabou recentemente a tradução da obra épica de Camões para língua mirandesa, trabalho que lhe demorou cerca de cinco anos. O tradutor, sob o pseudónimo Fracisco Niebro, foi publicando a tradução, de forma regular, no semanário regional “Nordeste”.
A tradução integral será publicada em livro no próximo ano.
Em fase adiantada está, também, uma versão em banda desenhada de "Os Lusíadas", com desenhos de José Ruy e tradução de Amadeu Ferreira, que será editada este ano pela Editora Âncora.
Ler a notícia completa no Jornal de Notícias, aqui.

(na imagem, um dos seis exemplares existentes da primeira edição de “Os Lusíadas”, de 1572, na posse da Biblioteca Pública de Arquivo de Ponta Delgada, nos Açores)

domingo, 28 de setembro de 2008

Era uma vez...

O Centro de Estudos Aquilino Ribeiro promove nos dias 10 e 11 de Outubro de 2008, no Solar do Vinho do Dão, junto ao Fontelo em Viseu, as IV Jornadas Aquilinianas
"Era uma vez!... Histórias de Escrever e de Contar" - dedicadas à Literatura Infantil.

O dia 10 de Outubro, 6ª feira, está reservado às crianças.
O Solar do Vinho do Dão transforma-se numa casa de histórias com diversos contadores, merendinhas e oficinas criativas!

O dia 11, sábado, será dedicado aos adultos, com diversas comunicações sobre o mundo da Literatura Infantil, e em que haverá uma homenagem a Aquilino Ribeiro e a Matilde Rosa Araújo.

Matilde Rosa Araújo e o filho do escritor Aquilino Ribeiro, Aquilino Ribeiro Machado, também estarão presentes neste dia.

Para mais informações e inscrição:
CEAR - Universidade Católica
Estrada de Circunvalação
3304-505 Viseu
Tel.: 91 865 24 38 (Sílvia Costa)



A Borboleta

Era uma vez uma menina
Tão cheiinha de calor
Abanava um abaninho
Como se fosse uma flor...

Como se fosse uma flor
Uma rosa ou uma violeta
E em volta dela voasse
Feliz uma borboleta.

E veio a mãe veio o pai
E disseram: Filha minha!
Não te canses a abanar
Ligamos a ventoinha!

Veio o avô veio a avó
Com um ar consternado:
Não te canses a abanar
Pomos o ar condicionado!

Param as mãos da menina
Uma rosa ou uma violeta
E em suas mãos pequeninas
Adormece a borboleta...

Matilde Rosa Araújo

Sugestões para os próximos dias


29 de Setembro (segunda-feira):

LISBOA – Casa Fernando Pessoa
O nº 22 da revista de poesia Relâmpago, editada pela Fundação Luís Miguel Nava, será apresentado no dia 29 de Setembro, pelas 18.30h, na Casa Fernando Pessoa. Tendo como tema central a obra de Eduardo Lourenço como leitor de poesia, este número de Relâmpago homenageia o autor de Pessoa Revisitado, no ano em que o ensaísta completa 85 anos.

A apresentação da revista será feita por Gastão Cruz, director deste número, e por Almeida Faria, que nele colabora. A sessão contará ainda com leitura de poemas de vários autores, entre os quais alguns dos que mais têm interessado Eduardo Lourenço, pelos actores Luís Lucas e Luísa Cruz.

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30 de Setembro (terça-feira):

LISBOA – Livraria Byblos Amoreiras
Vai ter lugar na Livraria Byblos Amoreiras no dia 30 de Setembro, pelas 18h30, a sessão de lançamento do livro de Sara Almeida Santos “Ensaios Poéticos”.
Edição: Chiado Editora





LISBOA – Livraria Bulhosa de Entrecampos
Dia 30 de Setembro, pelas 18.30H:
Palavras na Bulhosa...
Ode ao Vinho

A evocação de Baco - Um recital de poesia com Silvina Pereira e Júlio Martín.
Haverá ainda uma degustação de vinhos.

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2 de Outubro (quinta-feira):

LISBOA – Café Martinho da Arcada
Convívios Poéticos do Círculo Nacional d'Arte e Poesia
Até 27/12/2008
Todas as quintas, das 16h às 18h
Informações Úteis: 213 973 717
No Café Martinho da Arcada (Pç. do Comércio, 3)


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4 de Outubro (sábado):

PORTO – Clube Fenianos Portuenses
Vai realizar-se no dia 4 de Outubro uma sessão de apresentação do livro “Rasgando as Fronteiras do Infinito” da autoria de Natércia Albuquerque Moreira, com ilustrações de Adriano Sequeira, numa edição da Editorial Minerva.
A sessão será no Clube Fenianos Portueneses (Rua dos Fenianos, nº 29 - Porto) às 16H30 e terá a intervenção de Ângelo Rodrigues e Maria Carmen Lino.
Haverá ainda leitura de poemas da obra por Laura Quintela.


sábado, 27 de setembro de 2008

Ainda as quadras...

Os etéreos que participaram no último passatempo que lancei, sobre quadras populares, podem ver aqui as reacções às mesmas, no Brasil.
Ao que parece, a votação continua...

Poesia de Jorge Vicente e José Gil














Hoje, 27 de Setembro, pelas 21:30H vai ter lugar na Livraria Trama, em Lisboa, uma sessão de apresentação dos livros "Ascenção do Fogo" de Jorge Vicente e "Fractura Possível" de José Gil (editados pela Edium Editores).
As apresentações estarão a cargo de Rui Sousa (Ascenção do Fogo) e José Félix (Fractura Possível).
Serão declamadas poesias dos livros pelos autores.
A Livraria Trama fica na Rua São Filipe Nery, nº 25B, ao Rato.

Na estante de culto



Sobre as Imagens

Amadeu Baptista
Cosmorama Edições
2008



Na poesia de Amadeu Baptista é frequente o diálogo com as outras artes, sobretudo a pintura, e este livro “Sobre as Imagens”, que ganhou o Prémio Nacional de Poesia Palavra Ibérica 2008 (um livro bilingue, com tradução em castelhano por Uberto Stabile) é constituído por um ciclo de 14 poemas, que têm por referência os 14 painéis de pintura flamenga do séc. XVI do antigo retábulo da capela-mor da Sé de Viseu (actualmente expostos no Museu Grão Vasco).
Estes painéis relatam episódios da vida da Virgem e de Cristo, na primeira fiada a Anunciação, a Visitação, a Natividade, a Circuncisão, a Adoração dos Reis Magos, a Apresentação no Templo e a Fuga para o Egipto. Na segunda fiada os últimos dias da vida de Cristo: A Última Ceia, a Oração no Horto, a Prisão de Cristo, a Descida da Cruz, a Ressurreição, a Ascensão e o Pentecostes.

Embora pareça, não se trata de poesia ecfrástica pois este conjunto de 14 poemas não são descrições das obras de arte. O poeta apenas absorve o desígnio das imagens e descodifica-as para que cheguem ao leitor filtradas pela sua própria sensibilidade.
Amadeu torna-se um espectador que não impõe a sua visão, antes convida o leitor a partilhar o universo de uma imagem que ele tornou sua e que quis dar a todos. Lemos estes poemas e somos encaminhados pelo poeta para os afectos, para os cheiros, para os sons, para a dor, para os gritos, para a angústia, para a luz, para a escuridão, numa estrutura original que parece simples mas é muito trabalhada, com as palavras nos locais certos, com um resultado estético excelente.


Natividade

Assim nascemos, desconcertadamente desvalidos,
para triunfar da servidão e da pobreza. Caminha-se
toda a vida, mas o rudimentar momento da partida
indicia que a porta derradeira é a primeira e que, aqui chegados,
não somos mais que uma pedra nua onde pulsa um coração,
uma pedra que brilha, venham ou não os anjos acalentar
o templo, venham, ou não, outros pastores, de longe,
consolidar as nossas incertezas, trazendo uma medida de leite,
uma pele curtida, um bordão que possa florir.

Aqui estou, como se fosse orvalho sobre as palhas douradas
de uma manjedoura, e ouço na cabeça o clamor do universo,
esta angústia de tudo conhecer desconhecendo tudo, de que poder
vem a mim este poder, este tempo sem tempo
para o que foi semeado e à colheita chega já colhido
e os olhos do burro e o bafo da vaca docilmente adoçam
para que se não se quebre nenhum osso e nenhuma promessa.

Assim se nasce, e nasce-se para morrer, mesmo que a estrela
brilhe e a ressurreição seja a insurreição prescrita para a morte
e a humildade avise que a vida é lobo e é cordeiro
e que quando se nasce a vigília principia, porque tudo é vital,
visível e invisível, e tudo está escrito e consumado,
e em Jerusalém não fique pedra sobre pedra
porque somos e não somos mais que uma pedra infinda.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Novidades Assírio & Alvim




A Faca Não Corta o Fogo
Súmula & Inédita

Herberto Helder
Poesia







Poemário 2009
Vários autores
Agenda/Calendário
Poesia

Apoplexia da Ideia





Hoje, na Fnac do Chiado (em Lisboa), pelas 19 horas, vai ter lugar a apresentação do livro "Apoplexia da Ideia" da autoria de Maria Quintans, com ilustrações de João Concha, numa edição da Papiro Editora.
A apresentação será feita por Lauro António.

Ivan Junqueira vence Jabuti Poesia

O poeta brasileiro Ivan Junqueira venceu o Prémio Jabuti 2008 para o melhor Livro de Poesia com “O Outro Lado” editado pela Editora Record, que reúne 35 poemas escritos pelo poeta entre 1998 e 2006.
Ivan Junqueira nasceu no Rio de Janeiro em 1934, é poeta, jornalista, crítico literário e tradutor. É membro da Academia Brasileira de Letras e do PEN Clube do Brasil.
A sua poesia já foi traduzida para o espanhol, alemão, francês, inglês, italiano, dinamarquês, russo e chinês.

O que se escreve navegando...

Algumas frases engraçadas, escritas em motores de busca, que direccionaram visitantes para este blogue:

- perguntas ao operario letrado
- poemas enorme da amizade
- poesia e rép
- adriana falcão - enxerto de uma noite de verão
- "susana werner nua"
- poesias da freira
- os poros de barcelona
- Premio Literario manuel Alegra

(Tal e qual como estavam escritas)

Fernando Pessoa a leilão

Vai ter lugar no dia 13 de Novembro um leilão dedicado exclusivamente a obras e peças de Fernando Pessoa.
É possível ver as imagens de alguns dos lotes, no Expresso online, aqui.
A arca, onde estavam guardados os manuscritos de Pessoa, terá uma base de licitação entre 50 mil a 100 mil euros.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Não faltem!

Vão ter lugar em Lisboa, nos próximos dias 24 e 25 de Setembro,
duas sessões de apresentação dos mais recentes 3 livros de poesia
de Amadeu Baptista editados pela Cosmorama:
“O Bosque Cintilante”
(Prémio Nacional de Poesia
Sebastião da Gama, 2007),
“Sobre as Imagens” (Prémio Nacional de Poesia
Palavra Ibérica, 2008)
e “Poemas de Caravaggio” (Prémio Nacional de Poesia
Natércia Freire, 2007).
As apresentações estarão a cargo de
Armandina Maia (O Bosque Cintilante),
Inês Ramos (Sobre as Imagens)
e Joana Ruas (Poemas de Caravaggio).
24 de Setembro na Fábrica Braço de Prata, 20 horas
25 de Setembro na Fnac Chiado, 18h30

Conto convosco!

O poeta habilidoso Osama Bin Laden

Segundo o Público de ontem, serão publicados nos EUA, na próxima semana, poemas escritos por Bin Laden.
Um professor da Universidade da Califórnia especialista em literatura árabe terá descoberto que Bin Laden recitava, em festas, poemas de sua autoria. O mesmo professor terá declarado que "Bin Laden é um poeta habilidoso, com boas rimas e métrica".
Ao que parece, Bin Laden intitula-se "poeta da guerra" e a sua poesia tem por objectivo despertar o interesse dos jovens para uma "teologia radical".
Ler a notícia completa, aqui.

Circulam já pela blogosfera variadíssimas especulações sobre a poesia de Bin Laden.
Até agora, a mais engraçada que encontrei, foi esta, do "Blogue do baixo ao alto":

Manifesto Anti-Bush (excerto)

(...)
O Bush nú é horroroso!
O Bush cheira mal da boca!
Morra o Bush, morra! Bum!!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Parabéns à Andante!

A Associação Artística Andante corre o país de lés a lés desde 1999 com espectáculos, recitais, ateliês, leituras em voz alta... procurando sempre novos públicos para a poesia e para a prosa e especialmente para o teatro, através dos princípios da curiosidade e do prazer.
Os espectáculos não são recitais no seu sentido mais convencional. Partem de um conjunto de formas possíveis (e às vezes impossíveis) de ler um texto.
As imagens são construídas dentro de cada pessoa a partir da sonoridade que as palavras têm (porque para além de um sentido, também possuem a sua sonoridade) e da sonoplastia que a Andante lhes impõe para lhes dar uma nova "versão".
Portanto, não percam um espectáculo da Andante, numa qualquer Biblioteca perto de vós, vão ver que não se vão arrepender.
Deixo aqui também o meu agradecimento pelos poemas que tanto têm enriquecido este meu espaço de poesia, pois são interpretados pela Andante muitos dos poemas em voz alta do arquivo audio deste blogue.
Parabéns à Andante, que fez 9 anos no dia 21 de Setembro de 2008. Para o ano, cá estaremos para celebrar a dezena...

(Na imagem, o espectáculo “À Escuras, o Amor”. Inesquecível!)


O prato da Menina

A menina tinha um prato
e dentro do prato um pato
de penas cinzentas lisas
e no fundo desse prato
havia um prato pintado
e dentro do prato um pato
com uma menina ao lado.
E essa menina de tinta
tinha um prato mais pequeno
e dentro do prato um pato
de penas cinzentas lisas
e no fundo desse prato
estava outra menina ao lado
de um outro pato de penas
cada vez mais pequeninas.
Se a menina não comia
não via o fundo do prato
que tinha lá dentro um pato
de penas cinzentas lisas,
nem via a outra menina
que era bem mais pequenina
e tinha na frente um prato
que tinha lá dentro um pato
um pato muito bonito
de penas cinzentas lisas
tão pequenas tão pequenas
que até parecia impossível
como a menina ainda via
e imaginava o desenho
até ao próprio infinito!

Maria Alberta Menéres

Voz: Cristina Paiva, Música: Yann Tiersen,; Sonoplastia: Fernando Ladeira

domingo, 21 de setembro de 2008

Outras sugestões para os próximos dias


24 de Setembro (quarta-feira):

LISBOA – Casa da América Latina
Lançamento do livro SANTA CRUZ (Ed. Livrododia)
Fotografias de Ozias Filho
Poesia de Luís Filipe Cristóvão
Dia 24 de Setembro de 2008, às 21h na Casa da América Latina (Av. 24 de Julho, 118 B – Lisboa)

Refúgio, desde sempre, de eremitas, místicos e poetas, Santa Cruz, no litoral da Região de Turismo do Oeste, concelho de Torres Vedras, guarda a magia desses tempos imemoriais, cruzando-a, hoje, com os sinais da modernidade. Quer pelos elementos naturais que ali podemos encontrar, quer pela construção exponencial do final do século XX, trabalhada nos últimos anos com arranjos de espaços públicos, Santa Cruz está cheia de pontos de interesse para quem chega em visita, para quem se propõe a ficar para viver. São esses olhares que se cruzam neste livro. O olhar fotográfico de Ozias Filho (Rio de Janeiro, 1962), trabalhado ao longo de diversas visitas sem guia, pelas ruas e pelas arribas de Santa Cruz, em busca do enquadramento, do pormenor, muitas vezes, da onda ou do vento necessários à imagem. O olhar poético de Luís Filipe Cristóvão (Torres Vedras, 1979), na permanência um ouvinte dos segredos sussurrados pelos ares desta terra. Uma obra que marca a memória do lugar, em imagens e palavras que potenciam, sem dúvida, muitas outras. Um livro em aberto, ao usufruto do lugar, à lembrança no futuro. Ozias Filho é licenciado em Jornalismo e Fotografia, pós-graduado em Edição e Director da Ed. Vozes em Portugal. Luís Filipe Cristóvão é licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, pós-graduado em Teoria da Literatura e Gestor Editorial e Livreiro na Livrododia.


LISBOA - Teatro Nacional D. Maria II
Tertúlia Poética “Ao Encontro de Bocage”
24 Setembro: 15h-18h
Mais informações: 213 976 481; 934 236 612
www.tertuliabocage.blogs.sapo.pt
Bilhetes: americamiranda@sapo.pt
Praça D. Pedro IV, Lisboa


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25 de Setembro (quinta-feira):

LISBOA – Casa Fernando Pessoa
“Livros em Desassossego” - 25 de Setembro 21h30 - Dez anos do Nobel
O Nobel de Literatura atribuído a Saramago faz dez anos no início de Outubro. No regresso de Livros em Desassossego — na última 5ª feira de Setembro — vai discutir-se que efeito tem o mais importante prémio literário a nível mundial nas letras portuguesas. São protagonistas do debate o professor universitário Carlos Reis, o crítico e escritor Miguel Real, o editor Zeferino Coelho (Leya/ Caminho), e João Tordo, que apresentará o seu mais recente romance, As 3 Vidas (QuidNovi). Moderação, como sempre, a cargo de Carlos Vaz Marques.
Na Casa Fernando Pessoa (Rua Coelho da Rocha, nº 16, Lisboa)


LISBOA – Café Martinho da Arcada
Convívios Poéticos do Círculo Nacional d'Arte e Poesia
Até 27/12/2008
Todas as quintas, das 16h às 18h
Informações Úteis: 213 973 717
No Café Martinho da Arcada (Pç. do Comércio, 3)



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26 de Setembro (sexta-feira):

LISBOA – FNAC Chiado
No dia 26 de Setembro às 19.00 hrs, na FNAC do Chiado, a Papiro Editora apresentará o livro "Apoplexia da Ideia" da autoria de Maria Quintans, com ilustrações de João Concha.






LISBOA – Casa Fernando Pessoa
No próximo dia 26 de Setembro, terá lugar na Casa Fernando Pessoa, pelas 18h30, um recital de poesia por Luís Machado. Pessoa, Singular sempre Plural contará com ilustrações musicais da pianista Inês Rodrigues Correia, e propõe uma despretensiosa viagem por um universo pessoano repleto de simbolismo onde, para lá de todas as máscaras, transparece sempre a virtualidade do talento de um singular escritor que ousou ser plural. Luís Machado, escritor e actor, assinala com este evento três décadas como leitor de poesia. A sessão inclui poemas de Fernando Pessoa e dos heterónimos Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Na Casa Fernando Pessoa (Rua Coelho da Rocha, nº 16, Lisboa)

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27 de Setembro (sábado):

AMADORA – Auditório da Câmara Municipal
No próximo dia 27 de Setembro, pelas 15 horas, no Auditório da Câmara Municipal da Amadora, vai ter lugar o lançamento do livro de prosa poética de Paulo Afonso Ramos, “Mínimos Instantes”, pela Edium Editores.
Obra e autor serão apresentados pelo poeta Xavier Zarco.


CASCAIS – Biblioteca Municipal
"Casa Grande", um livro de poesia de Sofia Pinto Correia Melo (Quasi Edições) será apresentado no próximo dia 27 de Setembro, às 17:30h na Biblioteca Municipal de Cascais (São Domingos de Rana).
A apresentação estará a cargo de Maria de Vasconcelos.

Sofia Pinto Correia Melo nasceu em Lisboa, em 1968.
É licenciada em Marketing pelo IADE. Possui também o curso de Design de Moda, com especialização em Audiovisuais de Moda no IADE e ainda o curso de Modelagem Industrial, pelo CIVEC.
Profissionalmente, dedicou-se, de 1989 a 1999, à "acessorização" de moda, em desfiles, revistas e colecções de designers e marcas de moda portuguesas. Desde 1998 que acompanha a gestão de um estabelecimento familiar. Actualmente, desenvolve o projecto de artesanato Casassombrada.
Na área da pintura, fez o curso de formação artística na Sociedade Nacional de Belas Artes. Tem exposto individualmente com regularidade, desde 2003.
"Casa Grande" é o seu primeiro livro de poesia.

Casimiro de Brito no Poeteka 2008

O poeta Casimiro de Brito vai representar Portugal no Poeteka - Festival Internacional de Poesia da Albânia, que decorre de 22 a 28 de Setembro, onde irá, também, lançar um livro.
O Poeteka, que vai já na quarta edição, é mais do que um festival já que os poetas convidados andarão por várias cidades (Durrës, Tirana, Shkoder, Elbasan e Berat).
O festival homenageará, este ano, Octavio Paz (no ano passado homenageou Paul Celan) e o lema deste ano é "Libertad bajo palabra - Liberdade Sob Palavra”.
O festival terá leituras de poesia, mesas redondas, debates, curtas-metragens, música, exposições, entre outras actividades. Uma actividade interessante (e original) desta edição do Poeteka é o Poemsms: envio de poemas por sms durante toda a edição do festival. A organização do festival estabeleceu um protocolo com uma empresa de comunicações o que possibilitará estabelecer comunicação entre os presentes e os não presentes no festival, num exemplo de como a poesia e a tecnologia podem co-existir.

Foi há 23 anos


A 21 de Setembro, mas de 1985, o Expresso publicava a última entrevista a Alexandre O’Neill, feita por Clara Ferreira Alves.
Para ler aqui no blogue “O funcionário cansado”.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Palavreando em Odivelas

Vai realizar-se hoje, 19 de Setembro, mais uma tertúlia "Palavreando", pelas 22 horas, na Casa do Largo, Centro de Exposições de Odivelas.
Um local onde os tertulianos poetas, escritores, amantes da poesia, anónimos ou conhecidos conversam, ouvem e lêem poesia.

Parabéns à truca!


A Truca do locutor Luís Gaspar faz hoje (19 de Setembro) 11 anos!
O site foi iniciado a 19 de Setembro de 1997 e ao fim de uma semana tinha 20 visitantes. Dez anos depois, a Truca tem hoje cerca de 6.000 visitantes por semana.
Das Fofocas da Semana do mundo da publicidade e da cultura em geral, às Histórias da Publicidade, passando pela Agenda Cultural semanal, pela Página da Poesia, pelos Postais do Óscar, pelas Crónicas do José António Baço, pelo "Imaginário" do José Matos Cruz, pelas "Mentes Livres" e "Energias Livres" do Artur Tomé, pelos magníficos textos do Manuel Peres, pelas Regras do Português, pelas Polémicas, pela BD do País dos Cágados, enfim, por uma variedade imensa de páginas interessantes onde todos nos deliciamos semanalmente, a Truca tem sabido manter e até aumentar semana após semana o interesse por este site que é também uma tertúlia.
Parabéns também pelo seu audioblogue "Estúdio Raposa”, onde dá voz aos poetas — consagrados e desconhecidos.
Fica também o meu agradecimento pela locução de tantos poemas que tanto tem enriquecido este meu espaço de poesia.
Viva a Truca, Viva... Pim!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Concurso literário Guemanisse

A Guemanisse Editora promove o 3º Concurso Literário Guemanisse de Minicontos e Haicais.
Podem concorrer pessoas de qualquer nacionalidade, desde que os textos sejam em língua portuguesa. Os trabalhos não precisam ser inéditos e a temática é livre.
As inscrições encerram no dia 13 de outubro de 2008.
O limite de cada MINICONTO é de 2 páginas.
Os HAICAIS prendem-se à sua forma tradicional.
Para cada Categoria (Minicontos e Haicais), os prémios terão os seguintes valores.
1º lugar: R$ 3.000,00 (cerca de 1.140 euros);
2º lugar: R$ 2.000,00 (cerca de 750 euros);
3º lugar: R$ 1.000,00 (cerca de 380 euros).
O regulamento pode ser consultado aqui.

domingo, 14 de setembro de 2008

Sugestões para os próximos dias


15 de Setembro: (segunda-feira):


GONDOMAR – Feira do Livro
Lançamento do livro “Quem sabe, Amanhã será Primavera” de Maria Mamede e Albino Santos.
Uma obra em co-autoria onde a poesia e a prosa poética se conjugam.
Apresentação e Prefácio a cargo de Fernando Peixoto.
Na Feira do Livro de Gondomar, dia 15 de Setembro, pelas 21H30.



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17 de Setembro (quarta-feira):

LISBOA - Teatro Nacional D. Maria II
Tertúlia Poética “Ao Encontro de Bocage”
10, 17, 24 Setembro: 15h-18h
Mais informações: 213 976 481; 934 236 612
www.tertuliabocage.blogs.sapo.pt
Bilhetes: americamiranda@sapo.pt
Praça D. Pedro IV, Lisboa



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18 de Setembro (quinta-feira):

LISBOA - Livraria Librìtalia
No próximo dia 18 de Setembro, pelas 18H30, os poetas das Edições Torino Poesia apresentam em Lisboa, na Livraria Librìtalia (Rua do Salitre), a nova poesia de Turim e Piemonte.
José Carlos Marques apresentará o novo número da revista de Poesia e Tradução «DiVersos» que inclui poemas de Valentina Diana (tradução de José Lima), Tiziano Fratus (tradução de Maria Teresa Bento), Luca Ragagnin (tradução de Carlos Leite) e Francesca Tini Brunozzi (tradução de José Carlos Marques).
Haverá leitura dos poemas em italiano e português. Estarão presentes os poetas Tiziano Fratus e Francesca Tini Brunozzi.
A introdução será feita por Gonçalo M. Tavares.


LINDA-A-VELHA – Bulhosa Linda-a-velha Central Park
Em colaboração com a Junta de Freguesia de Linda-a-Velha
Dia 18, Quinta-feira, 17 h
Conversas de Poesia
Poesia de Amália Rodrigues e Eugénio de Andrade
Por Tito Lívio


LISBOA – Café Martinho da Arcada
Convívios Poéticos do Círculo Nacional d'Arte e Poesia
Até 27/12/2008
Todas as quintas, das 16h às 18h
Informações Úteis: 213 973 717
No Café Martinho da Arcada (Pç. do Comércio, 3)





LISBOA - Academia de Recreio Artístico
No dia 18 de Setembro às 18H00, vai ter lugar na Academia de Recreio Artístico (Rua dos Fanqueiros, 286 - 1.º - Lisboa), o lançamento do livro "Elos da Poesia II", Colectânea de Poemas de Autores de Língua Portuguesa (Coordenação de Manuela Rodrigues e Fernando Oliveira).
Também serão apresentados os seguintes livros: Antologia Internacional "Roda Mundo 2008", "3ª Colectânea do Espaço Literário SoroCult", "10 rostos da poesia lusófona na XIII Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro" e "Dez Rostos da Poesia Lusófona, na XIX Bienal Internacional do Livro de S. Paulo".

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19 de Setembro (sexta-feira):

SANTA CRUZ – Manel Bar
2º Aniversário Margem d'Arte
Depois da maratona de poesia marginal "Marginálias 2007" que se realizou no ano passado a 31 de Agosto, o grupo Margem d'Arte prepara já o evento deste ano que decorrerá no próximo dia 19 de Setembro, pelas 24:00H, no Manel Bar, na Praia de Santa Cruz, em Torres Vedras.
O tema deste ano será a pastelaria portuguesa, sob o lema "Coma com os olhos e emprenhe pelos ouvidos".

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20 de Setembro (sábado):

SESIMBRA – Biblioteca Municipal
A Andante vai apresentar no dia 20 Setembro o espectáculo de poesia “A ver o mar” (um espectáculo de poesia sobre o mar), na Biblioteca de Sesimbra, pelas 21.30 horas.
Textos de: António Gedeão, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Eugénio de Andrade, Fausto Bordalo Dias, Federico Garcia Lorca, Fernando Pessoa, Johann Wolfgang von Goethe, João Pedro Mésseder, Jorge de Sena, Jorge Luis Borges, José Jorge Letria, Manuel Alegre, Manuel Bandeira, Maria Alberta Menéres, Mário Castrim, Matilde Rosa Araújo, Pablo Neruda, Ruy Belo, Sebastião da Gama, Sidónio Muralha, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teresa Rita Lopes.


BRAGA – Livraria Centésima Página
Dia 20 de Setembro: Sessão de autógrafos e apresentação do livro Memórias em Fado (2ª Edição), de Manuel Silva Cardoso, seguida de fados, pelas 17.00 horas.
“Muitas vezes na música como na literatura o autor cria a realidade e a realidade cria o autor. Nesta obra “Memórias em Fado” podemos dizer que Manuel Silva Cardoso se fez fado e o fado fez o homem. Na verdade estes fados com que o Autor brinda o leitor mais não são que uma memória sentida e vivida a assinalar o trajecto particular de um poeta sentimental.
Tendo nascido no ambiente castiço do fado da Ribeira do Porto, o autor acabaria por radicar-se na não menos singular freguesia de S. Victor, Braga, que lhe deu matéria-prima bastante para compor estas laudas populares. É o casticismo destas paisagens humanas e citadinas e a pureza e encanto dos temas versados em redondilha maior que soam alto nestas ternas memórias fadistas.” Fernando Pinheiro, Escritor.
A Livraria 100ª Página fica na Casa Rolão, Av. Central, Braga

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Lugar aos Outros no Estúdio Raposa

Acaba de ser actualizado o espaço Lugar aos Outros do "Estúdio Raposa" (audioblogue do locutor Luís Gaspar), onde se pode ouvir poesia de Pedro Nobre, aqui.

2º Aniversário Margem d'Arte

O encontro de poesia marginal do grupo Margem d'Arte foi adiado para dia 19 de Setembro.
Os Margem d'Arte prometem que este será o 1º Grandioso Encontro de Pastelaria Marginal Portuguesa, já que o tema deste ano será a pastelaria portuguesa, sob o lema "Coma com os olhos e emprenhe pelos ouvidos".
Dia 19 de Setembro, pelas 24:00, no Manel Bar, Praia de Santa Cruz (Torres Vedras).

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Árvore que dá versos na Casa Fernando Pessoa

Uma Árvore das Palavras vai ser inaugurada no próximo dia 24 de Setembro na Casa Fernando Pessoa. Uma árvore que dá frases e versos como se fossem frutos, e que terá num primeiro momento poemas de Ruy Belo e textos de José Cardoso Pires. No mesmo dia, pelas 18h30, terá lugar um debate sobre a vida e obra de Ruy Belo, com intervenções de Fernando Pinto do Amaral, Gastão Cruz e Pedro Mexia. Luís Miguel Cintra fará a leitura de alguns poemas de Ruy Belo.
A árvores estará presente na CFP até Dezembro.

Poesia Lusófona na Bienal do Livro de S. Paulo


Foi lançado, no passado mês de Agosto, na XX Bienal Internacional do Livro de S. Paulo o livro “Dez Rostos da Poesia Lusófona” (All Print Editora), sob a direcção de Fernando Oliveira, com poemas de Cissa de Oliveira (Brasil), Delasnieve Miranda Daspet de Souza (Brasil), Euclides Cavaco (Portugal), Eunice Mendes (Brasil), Fernando Oliveira (Portugal), Joaquim Evónio (Portugal), Jorge Vicente (Portugal), Luiz Poeta (Brasil), Maria Petronilho (Portugal), Sónia Regina (Brasil).

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Amadeu Baptista revisita Lisboa

Depois de inúmeras apresentações pelo norte do país, o poeta Amadeu Baptista — nascido no Porto — regressa a Lisboa (cidade onde também viveu, em pleno Bairro Alto) para duas sessões de apresentação dos seus 3 últimos livros de poesia editados na Cosmorama: "O Bosque Cintilante" (Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, 2007), "Sobre as Imagens" (Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica, 2008) e "Poemas de Caravaggio" (Prémio Nacional de Poesia de Poesia Natércia Freire, 2007).
As sessões terão lugar na Fábrica Braço de Prata (24 Setembro, 20h) e na Fnac do Chiado (25 Setembro, 18h30).

Garantida está a leitura, pelo próprio poeta, do seguinte poema:

Lisboa revisitada

estrangeiro em lisboa, venho aqui para descobrir
bach nas avenidas novas e algumas mulheres sentadas
nas escadinhas do duque. esta é uma cidade odiosa, de tão branca
que é – e suja, sempre a lembrar-me do que devo esquecer
neste rio sem naus, mas cafres insuperáveis. o certo
é que durmo na travessa dos fiéis de deus, com frio, e agastado pelos ruídos da praça, enquanto tu, camões, pareces impassível à arruaça
e na tua sereníssima imanência nem dás pela promiscuidade citadina.
odeio, abomino esta gente que não me olha nos olhos, e tem, abertamente, um linguajar de réptil, sem matriz, catedral, solenidade: anda na rua como se fosse cega e acresce ao desvario um esbulho de luz incoincidente com a minha, intratável, entoação nortenha, que, talvez, ao antónio barahona não destoe, já que pede por nós em grego, e aramaico, e árabe. lisboa, a estas horas, nem sabe o que é chuva, água, tejo – ocupada nas compras e sem novas de ulisses, ou das barcas, vibra de cheiros maus pelas vielas, que o fado, de alguidar e faca, mais arrevesa do que sabe aproveitar.
como viver aqui me é desconcerto e acirra a vontade de morrer: vejo este pessoa de bronze à porta dos cafés, a ser contaminado por uma freguesia tão absoluta e primitiva que lembra o estado novo, que vomito, vomito como um corvo.
se por este caudal viesse, ao menos, o cesário, talvez transfigurasse a aversão em poema e o sarcasmo alinhasse na rua do trombeta algum montante de ternura avulsa. mas não. eu até em telheiras não estou bem, esse lugar de múltiplos desgostos, onde perdi, além do amor, um cão, um cão quase redentor. ah, lisboa: hoje, às três e meia, vai pelo mundo uma promessa de orgasmos pela paz universal e de ti nada se espera, alheada que estás das coisas transcendentes, com a cauda entre as pernas e o olhar sem olhar o horizonte, onde uma virgem seminua de novo dançaria para ti,
se merecesses, ou a chulice encartada não prevalecesse. tivesses tu coragem e ias a s. bento queimar o molho aos torvos que, para seu governo, nos andam a tramar, ou viravas a mesa, ou partias a louça, desterro nosso sem qualquer desterro.
serias, por uma vez, implacável, a fazer corpo com o futuro, em nome do que vale, sem misérias ocultas e esperança justa. mas não. tu só te agastas pelo que é inútil,
com poesia melíflua do quotidiano e centros comerciais a liquidar enigmas estúpidos. olha as pontes, lisboa. olha, lisboa, os teus subúrbios. há mais beleza na pedreira
dos húngaros, ou nas arribas de cacilhas, que tudo em volta do castelo, salvando-se, talvez, pelo sortilégio, são domingos e as paredes calcinadas, vítimas de um terramoto, onde eu, às vezes, vou, não para falar com deus, que não existe, mas para apreender
um pouco mais de bach, na parte que lá mora, e ver, ao alcance da mão, outras mulheres sentadas. é pena que o bocage, lisboa, cá não esteja: cansado da bicheza, por certo encorajava diogo alves a regressar do enforcamento para dar continuidade às obras
de limpeza a que deu início com a quadrilha, ali para o aqueduto, para acabar de vez com a cidade branca, deserta, a matar à nascença os távoras que pode, ou quem resiste. pergunto pelo almada e venho vê-lo a alcântara, ao cais de embarque, à margem de belém e os seus pastéis, de nata e presidência: apaziguam-me mais estes painéis,
de alvoroçada partida e descoberta, que uma ida à gulbenkian, ou ao príncipe real, se bem que nos seus jardins a noite se suspenda e um sortilégio vele, entre os ligustros, a noite imensa. mas o almada não era de lisboa, tal como não era o botto,
(ou o herberto, a natália: gente de ilha/ gente de quilha, digo eu,
que também fui concebido numa ilha do porto, e se quisesse não, ah, não enlouquecia), tal como não são de lisboa os habitantes de lisboa,
ou nós, artistas desta hora, que, não sendo de alguma parte, vamos da graça a alfama
com o coração apertado, num vinte e oito que nunca tem destino.
ah, que desgraça não sermos de saturno, que desgraça a nossa transcendência não ir além da gare do oriente e ter que estar sujeita a um restelo de velhos e furores adolescentes, sem génio nem remoque, mas sempre, e só, tormenta. é que
de adolescentes nem é bom falar: à luz do lampião, eu vejo-os pelos bares a cair de bêbados, sem mãe que lhes acuda, ou tirocínio, que o mais que sabem é exctasy e shoots, assim, em inglês, já que ler e escrever no idioma de que são lhes passa a milhas, no caso americanas: as jeans puídas e os cabelos soltos, que não vêem sabão vai para semanas, a beneficiar, sem que o suspeitem,
o neo-liberalismo, são o sem sentido de uma rebelião
sem turbulência, manada para abate um dia destes. e quanto a velhos, estamos conversados: a vetustez de oitocentos anos, nem para os sapatos mija,
ou desfeiteia viúvas, de pátria ou sordidez. ah, lisboa, nem o putedo infrene dos teus becos é valia que baste. eu, que não sou cliente, atrevo-me a dizer
que não há puta mais repugnante que a puta de lisboa, sendo lisboa
a puta desgrenhada que se vê, que nem um bom mergulho purgaria
ou, ainda que por empréstimo, poria algum feitiço langue, ou dengue, ou o que fosse. mulher sentada que valha em lisboa é, tal como eu, estranha a estas paragens:
falo de uma eslava que conheço, que é bela como a planície alentejana, assim como são belas as cabo-verdianas que se sentam na relva para que o esplendor coaja – coaja
e ponha em marcha – a indizível matéria do desejo. um poeta cai no seu campo electromagnético e é como se entrasse no mar ou no regaço de um sonho onde a canela, a mandrágora e o rábano picante se reunissem para um manjar de deuses, irrecusável. detestável lisboa, que posso mais dizer para contrariar-te, mesmo a pagar imposto, com e sem valor acrescentado, além da derrama? desde que o fialho de almeida se foi que os teus gatos, lisboa, são ramelas andantes, a comer do próprio vomitado,
sem miados à lua e cenas langorosas nos telhados, a incentivar amantes. há, é claro, as coisas do botelho, onde tu, lisboa, talvez não por acaso, apareces vazia no retrato,
sem notícia do ajuste de contas necessário com os cobradores de impostos, as raparigas de cabeças ocas, os rapazinhos lúbricos dos ginásios que se enfeitam para os rapazinhos lúbricos dos ginásios, as matronas do chá, que enfermiços canídeos arrastam pela trela,
os homens de negócios, cinzentos, como sempre, a traficar crianças e assassínios, e os cônsules, os tribunos, os pretores, e até com os sem-abrigo, que dormem nos portais e perderam, entre tudo o que há para perder, a clareira após o abandono.
há, é claro, esse secreto adeus do baptista-bastos, a enredar real na realidade e a viajar por uma deriva ignóbil, nas ruas da amargura, a fazer do obsceno obra acabada, como só pode ser o que é do homem. há, é claro, o gomes leal, o o’neill,
ou o cardoso pires, com anjos escarlates a tremeluzir nos céus, por pura limpidez de sensualidade e ancoragem terna. mas tu, lisboa, não podes entender a aristocracia que há no povo, não podes crer no poder da arraia-miúda proto-contemporânea,
nem mereces o vítor silva tavares, a congraçar a emenda e o soneto, sem mais tristeza possível que a dos barcos atracados no cais das colunas, agora inexistente, pelas obras do metro, a nova santa engrácia. melhor fora, lisboa, que fosses moura, ainda, e que às trindades se não ouvissem sinos, mas o sumptuoso grito do almuadem. ouvindo o chamamento, sabendo que a cotovia convocava à oração, ias, por fim, lavar-te.
e, assim, lisboa, talvez fosses o brilho verdadeiro de que brilhas ao sol, como uma ave – muita branca por fora, muito negra, por dentro.

Amadeu Baptista