terça-feira, 29 de setembro de 2009

Prémio Jabuti de Poesia

Vencedores do Prémio literário brasileiro Jabuti 2009, na categoria de Poesia:
1º lugar —“Dois em um”, Alice Ruiz S. (Editora Iluminuras)
2º lugar —“Antigos e soltos: poemas e prosas da pasta rosa”, Instituto Moreira Salles (Instituto Moreira Salles)
3º lugar —“Cinemateca”, Eucanaã Ferraz (Schwarcz)
3ºlugar – “Outros barulhos”, Reynaldo Bessa (edição do autor)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

De 29 de Setembro a 07 de Novembro
Constança Lucas e Jacqueline Aronis

Gravuras em metal, gravuras digitais, poemas visuais, livros de artista e desenhos.
Abertura da exposição dia 29 de Setembro a partir das 19 horas.

Galeria Gravura Brasileira
Rua Dr. Franco da Rocha, 61, Perdizes, São Paulo, Brasil


Mais informações aqui.
28 de Setembro às 21h45
Salão Medieval da Biblioteca Pública de Braga (Largo do Paço)

sábado, 26 de setembro de 2009

I Encontro hispano-marroquino de Poesia em Tétouan

Oitenta poetas e amantes de poesia irão a Tétouan e Chauen participar no primeiro Encontro Internacional de Poesia Hispano-Marroquino "Jacinto López Gorgé". A representar Portugal, estará presente a poeta Maria do Sameiro Barroso.
O encontro terá lugar nos dias 2, 3 e 4 de Outubro e é organizado pelo jornalista e escritor Ahmed Mgara e pela jornalista, escritora e presidente da Associação "La Avellaneda" Edith Checa.
O tema do encontro é "A mulher na poesia hispano-marroquina" e os lucros da venda da antologia a ser publicada com os poemas dos poetas envolvidos irão para a Fundação Ana Bella, que ajuda mulheres vítimas de violência na Andaluzia e na Extremadura.
Uma das actividades deste encontro será a recepção, em Tétouan, pelo Cônsul de Espanha, Javier Jimenez Ugarte, que receberá dos poetas participantes os seus livros para a biblioteca do consulado.
Os poetas espanhóis e marroquinos irão ler os seus poemas em vários locais de Tétouan e Chauen, incluindo os jardins do Museu Arqueológico do Museu Etnográfico na apresentação oficial da antologia “La mujer en la poesía hispanomarroquí” e na alcáçova de Chauen.
À apresentação desta antologia assistirá a viúva de Jacinto López Gorgé, poeta que será homenageado neste encontro.
Jacinto López Gorgé nasceu em Alicante e morreu em Dezembro de 2008. Exerceu docência em Melilla e fundou e dirigiu, com Pio Gomez Nisa, a revista “Manantial” e em 1952 a colecção de livros “Mirto y Laurel”. Em 1953 dirigiu em Tétouan a revista “Ketama”, foi crítico literário do diário “España” de Tanger e director da Aula de Literatura do Ateneu de Madrid. Editou vários livros de poesia e algumas antologias relacionadas com o mundo marroquino.

"Há Letras e Letras" em S. Bartolomeu de Messines

Decorre na Casa Museu João de Deus, em S. Bartolomeu de Messines (Silves), durante o mês de Setembro, o Sobr'Arte da Literatura.
Programa para hoje, dia 26 de Setembro, pelas 16H30: Mesa Redonda "A Literatura, da criação à edição".
Intervenientes: Risoleta Pinto Pedro, Fernando Esteves Pinto, Maria Azenha, Maria Costa e Henrique Dória.
Moderadora: Inês Ramos.
Apareçam!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quinta Poética na Casa das Rosas

Com os poetas convidados: Hamilton Faria (anfitrião), Eunice Arruda, Jorge Miguel Marinho, Ulisses Tavares e a jovem poeta Letícia Naveira.
Participação especial de Jorge Blandón.

24 de Setembro, a partir das 19 horas

Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos
Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP
(clicar para ampliar)
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domingo, 20 de setembro de 2009

Amnésia

A Associação Artística Andante, que percorre o país de lés a lés com os seus espectáculos de poesia, vai estrear, no próximo dia 25 de Setembro, no Fórum Cultural de Alcochete, o seu novo espectáculo “Amnésia” , um espectáculo sobre os livros e o prazer de ler, sobre a infância e as memórias, com textos de vários autores, encenação e cenografia de Rui Paulo, som e imagem de Fernando Ladeira e interpretação de Cristina Paiva.
25 e 26 de Setembro, 22H00, no Fórum Cultural de Alcochete.

E, já agora, parabéns, Andante, pelos vossos 10 anos de magnífica actividade.

Novidades Colibri

Electri-cidade
Vítor Oliveira Jorge
Edições Colibri, 2009
Colecção: Tribuna Livre - Poesia e Prosa
266 páginas


Sinopse:
O conjunto de textos que compõem este livro foi redigido na cidade do Porto entre Março de 2008 e Fevereiro de 2009, e as primeiras versões dos mesmos estão insertas no blogue do autor http://trans-ferir.blogspot.com A fotografia da capa, obtida em Freixo de Numão, Vila Nova de Foz Côa, é de Leonor Sousa Pereira. Optou-se na ordenação dos poemas (que todos o são, mesmo que se apresentem graficamente sem divisão em versos) pela ordem alfabética dos títulos. A obra, na sua diversidade interna, é unitária, e dá continuidade ao livro Casa das Máquinas, Porto, Papiro Editora, 2008, concebido e organizado nos mesmos moldes deste.

Vítor Oliveira Jorge nasceu em Lisboa em Janeiro de 1948.
Formou-se em História na Faculdade de Letras daquela cidade em 1972.
Desde Setembro de 1974 é docente da Faculdade de Letras do Porto, onde se doutorou em 1982.
Poeta, arquéologo, ensaísta, dirigente associativo, tem tido uma actividade diversificada.


Ler

No meio do verão, ler.
Sobre o sofá fresco do verão, ler.
Com borboletas atravessando as paredes da casa,
Com o verão de beira a beira.

Ler. Estender o corpo, os crisântemos
E as margaridas da imaginação,
Percorrer o soalho dos teus passos
Dirigindo-se de um verão futuro a um verão passado.

Estender a pele. Deixar subir os poros
Entre os pólens das horas, suspensas acima do telhado,
Lá em cima.
Esticar os músculos até aos horizontes do verão,
Acender as lâmpadas do leite fresco.
Fresco e sadio, leite sobre leite.

Espreguiçar a lactose do verão,
Ouvindo ao longe as abelhas a fabricar o mel,

E as avós a fazerem as compotas na cozinha,
Sem jamais virem interromper o livro,
Sem discernirem o presente nos seus óculos redondos,
Inócuas e bondosas como globos.

Atravessar o verão como uma nave,
Uma nave leitora, nua como nuvens brancas e sedosas,
E ouvindo os sons dos anjos cantores
Nas catedrais ao longe, suficientemente longe
Para não interromperem o que se passa,
Este transbordar de papoilas, este esvoaçar de linhas.

E os perfumes do cabelo. Ler no couro cabeludo,
Ler na cintura, nas espáduas, atravessando paredes,
No meio da frescura, erguer os bolbos da mais perfeita
Juventude, alegria.

Ouvindo ao longe as baterias, os risos dos jovens
Indo para a praia.
São os condimentos das compotas, dizem
As avós.
Temos de ir buscar os peixes pelas guelras
Podem estragar-se sobre o molhe.

Sim, mas deixa-os luzir enquanto possível.
Longe. Pedem as margaridas.
E os iogurtes brilhando sobre as mesas,
As gelatinas da leitura tremendo ao de leve
Quando passos do passado vêm atravessar o soalho
Invisíveis, caminhando ainda com areia e peúgas.

É belo, dizem as jarras, podermos assim
Atravessar as paredes, as janelas, as cortinas,
E aparecermos do outro lado de nós mesmas
Impecáveis, limpas, lácteas como o corpo
Da leitura.

Ler. Dobrar as duas pernas sobre o sexo.
E ficar, ficar, ficar, docemente ficar.

Temos de ir buscar os molhos de ramos amarelos
Antes que sequem.

Eis os teus pés. A tua cabeça. Os teus cabelos.
A tua leitura, a possiblidade do verão
Passar sobre as espáduas e continuar num regato
Verde na sua alegria de atravessar a casa

E poder continuar por qualquer lado
E poder ser uma serpente viva, interminável,
Descrevendo as eternas curvas e contra-curvas da leitura.

É belo, dizem os boiões para as avós.
É belo estar na cozinha, dizem os tachos de cobre a brilhar.

Pois que brilhem o mais longamente possível
Que havemos antes de acabar o verão de ir caminhando
Para buscar algo ao alpendre, levando o livro

Para a frente; e arpoar a leitura pelas guelras,
Trazer a sua frescura para as as superfícies de mármore,
O corpo lácteo para a cozinha,

Para o brilho dos boiões, o sabor das avós,
As sombras e os brilhos dos magníficos
Iogurtes.

Novidades Assírio & Alvim

Herbário
Jorge de Sousa Braga
Ilustrações de Cristina Valadas


Um livro publicado originalmente em 1999 e reeditado em 2003 (edição que também esgotou), reconhecido com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens, que a Assírio & Alvim volta a colocar nas livrarias.


As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.

sábado, 19 de setembro de 2009

Peço desculpa pela interrupção...

É apenas um pequeno intervalo... humorístico.



Poesia é Poesia. Poesia é viver. Viver é Poesia.

Tirado daqui.

Outras sugestões para os próximos dias


21 de Setembro (segunda-feira)

GUIMARÃES – Livraria do Centro Cultural de São Mamede
O elenco do Teatro Universitário do Minho apresenta durante todo o mês de Setembro o espectáculo de poesia Inspiração é Respirar, que recria os poemas de João Negreiros, jovem poeta e dramaturgo, recentemente galardoado com o prémio internacional OFF FLIP de literatura 2009 (Brasil), na categoria de poesia.
Guimarães, Livraria do Centro Cultural São Mamede, 21 de Setembro, 21h30.

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22 de Setembro (terça-feira)

PORTO – Fnac Santa Catarina
Inspiração é Respirar
Porto, Fnac Santa Catarina, 22 de Setembro, 18h30




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25 de Setembro (sexta-feira)

VILA DO CONDE - Biblioteca Municipal
Espectáculo "Stand Up Poetry - Diz-se Poesia com Andreia Macedo".
Na Biblioteca Municipal José Régio, em Vila do Conde.
25 de Setembro, pelas 21H00.
Entrada livre.


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26 de Setembro (sábado)

S. BARTOLOMEU DE MESSINES – Casa Museu João de Deus
Dia 26 de Setembro, pelas 16h30: Mesa Redonda "A Literatura - da criação à edição".
Intervenientes: Risoleta Pinto Pedro, Fernando Esteves Pinto, Maria Azenha, Maria Costa e Henrique Dória.
Moderadora: Inês Ramos


PALMELA - Sociedade Filarmónica
Lançamento do livro de poesia de Fernanda Esteves “Canteiros de Esperança” (edição temas Originais) na Sociedade Filarmónica Humanitária, Av. Doutor Godinho de Matos, em Palmela, no próximo dia 26 de Setembro, pelas 16H00.
Obra e autora serão apresentadas pela poetisa Alexandrina Pereira.



ALCOCHETE - Freeport
Lançamento do livro de poesia de Luís Ferreira “Momentos...” (edição temas Originais) na sala Green Room do Freeport, Alcochete, no próximo dia 26 de Setembro, pelas 17H00.
Obra e autor serão apresentados por Carmo Miranda Machado.
A sessão contará com a actuação do Trio Opus Misique e da SamariTuna – Tuna Feminina da Universidade Lusófona.

LISBOA - Livraria Trama
Sábado, 26 de Setembro, na Livraria Trama: sessão interactiva de apresentação do livro de poesia «Entre o Malandro e o Trágico» de Hugo Milhanas Machado (Salamanca: Bar El Savor, Lisboa: Livraria Trama).



LISBOA - Palácio Galveias
Uma iniciativa da Associação Portuguesa de Poetas:
Dia 26 de Setembro, das 19h00 às 20h30, no Palácio Galveias (Campo Pequeno – Lisboa)
Palestra-recital por Luísa Venturini

“Femininos Singulares” (a Poesia no Feminino)
Poesia livre por todos os presentes

PORTO - C. C. Dolce Vita
“Cultura no Centro”, dia 26 de Setembro, às 17 horas, no piso 2 de descanso do Shopping.
Novos caminhos da poesia portuguesa em análise
Poetas, críticos e livreiros debatem o rumo da poesia portuguesa contemporânea.
Com: Manuel António Pina, Fernando Guimarães, Rosa Alice Branco, Catarina Nunes de Almeida e Emílio Remelhe. A livreira Dina Ferreira, proprietária da Poetria, também participará neste encontro organizado pelo jornalista Sérgio Almeida.
O encontro tem lugar no piso 2 de descanso do Shopping.

Parfums de Lisbonne III

23 e 24 de Setembro,
Instituto Franco-Português e Casa Fernando Pessoa
Perfumes de Lisboa: poesia e pintura
Festival de urbanidades cruzadas entre Lisboa e Paris
Parfums de Lisbonne / Perfumes de Lisboa
3ª edição 2009

Perfumes de Lisboa é um festival organizado pela companhia de teatro Cá e Lá no bairro Beaubourg em Paris. Abrangendo cinema, teatro, poesia, dança, música e este ano pintura, o evento decorre durante o mês de Junho desde há três anos.
Lisboa e Paris misturam mundos, bairros e horizontes, entre azulejos e calçada, esplanadas e varandas, passos de dança e ecos de vozes para, em conjunto, festejar a chegada do verão e o prazer universal de beber um café numa esplanada.
Este ano os Parfums vêm cruzar olhares com os Perfumes e são o Parfums em Lisboa.
Haverá versos lidos e cantados, pintura e bailado, para ainda festejar um verão que desta vez troca o passo com o Outono.

Dia 23, 18h30, Instituto Franco-Português
Poesia portuguesa e francesa em olhares cruzados
Uma conferência de Arlette Albert Birot (Presidente do “Marché de la Poésie” Paris)

Dia 24, Leituras na Casa Fernando Pessoa:
Vozes faladas de Ana Hatherly, Maria do Rosário Pedreira e Pedro Tamen que lêem poemas seus e de outros poetas. Isabel Vieira e Graça dos Santos, da companhia de teatro Cá e Lá, lêem em francês, e José Manuel Esteves, da Cátedra Lindley Cintra (Universidade de Nanterre) do Instituto Camões, em português. Vozes cantadas: Augusto Velloso-Pampolha acompanhado ao piano por Luísa Gonçalves. Versos bailados: Alice Martins e Adriano Martins. Colagem com palavras: jjpetit (artista plástico).

Mais informações aqui
(clicar para ampliar)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Novidades Edições Sempre-em-Pé

Teorias da Ordem
José María Cumbreño


Esta é, em português, a primeira edição de um livro do escritor espanhol José María Cumbreño.
A antologia poética é traduzida do espanhol por Ruy Ventura.


A preto e branco.
Teria eu uns três anos. Talvez
mesmo menos. Na aldeia. A era.
Outubro ou princípios de Novembro.
Há erva. Está um tempo limpo. Não levo
agasalho. Calças e casaquito da mesma cor.
O casaco certamente era de malha. Tricotava-os
a minha avó. Por debaixo uma camisola. Branca.
A foto tirada a cinco ou seis metros. Estou
quase de costas. Metido comigo. Caminho
resoluto para a esquerda, onde, ao fundo,
se vê uma cerca de pedra. Mais longe,
um conjunto de árvores.
Hoje sei que eram oliveiras.

Incontri Internazionali di Poesia di Sarajevo

Nos dias 25, 26 e 27 de Setembro de 2009 será realizada a oitava edição do Encontro Internacional de Poesia de Sarajevo (Bósnia e Herzegovina), dedicado à memória do poeta Izet Sarajlic.
O evento é comissariado pela Casa della Poesia di Baronissi (Salerno) e organizado pela Embaixada da Itália em Sarajevo.
A representar Portugal estará presente o poeta Casimiro de Brito, num evento que teve início em 2002, após a morte de Sarajlic, em Maio desse ano.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Mais logo, no Clube Literário do Porto

Piano-bar do Clube Literário do Porto
21h30
Poesia de Choque
Com os poetas António Pedro Ribeiro e Luís Carvalho

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Prémio de Poesia Bocage 2009

O poeta Amadeu Baptista recebeu ontem (dia de Bocage), no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal, o Prémio Manuel Maria Barbosa du Bocage 2009, modalidade de poesia, promovido pela LASA (Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão).
O júri do concurso atribuiu por unanimidade os prémios a Amadeu Baptista, pelo trabalho “Atlas das Circunstâncias”, prémio de Poesia (2500 euros) e a Mário João Rosas Rebelo Correia, pelo trabalho “A Insónia”, prémio Revelação (1500 euros).
Na cerimónia de entrega do prémio, perante a ampla assistência e os membros da mesa composta pelo representante do Governo Civil de Setúbal, a Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, o Presidente da LASA e o Presidente da Biblioteca Nacional em representação do Ministro da Cultura, Amadeu Baptista explicou que, sendo um poeta desempregado e porque tendo várias vezes solicitado ao Ministério da Cultura o estatuto de mérito cultural (do qual nunca obteve resposta, apesar de ter 30 livros publicados e ter recebido até ao momento 10 prémios literários, sendo este o 11.º) concorre a concursos literários para não ser um indigente. E perante a mesma assistência e plateia, Amadeu leu, do primeiro ao último verso, o poema que escreveu há poucos dias sobre Jorge de Sena, que me enviou para publicação neste blogue e que pode ser lido aqui.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Outras sugestões para os próximos dias


15 de Setembro (terça-feira):

LISBOA – Bar a Barraca
Terça-feira, 15 de Setembro:
pelas 22h, no Bar A Barraca,
Miguel Martins lerá
poemas de Alexandre Saldanha da Gama, poeta que morreu recentemente.
(Entrada livre)



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16 de Setembro (quarta-feira):

PORTO – Fnac Norteshopping
O elenco do Teatro Universitário do Minho apresenta durante todo o mês de Setembro o espectáculo de poesia Inspiração é Respirar, que recria os poemas de João Negreiros, jovem poeta e dramaturgo, recentemente galardoado com o prémio internacional OFF FLIP de literatura 2009 (Brasil), na categoria de poesia.
Porto, Fnac Norteshopping, 16 de Setembro, 21h30

FARO - Pátio de Letras
Os nossos dias seguido de Os Lugares Antigos de Miguel Godinho é o mais recente livro da 4águas Editora.
No dia 16 de Outubro, às 21h30, o livro será apresentado no Pátio de Letras pelo poeta João Bentes e com encenação de poemas por Rui Cabrita e projecção multimédia de Daniel Almeida.


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17 de Setembro (quinta-feira):

LISBOA - Casa Fernando Pessoa
A 17 de Setembro, fachada exterior e paredes da Casa Fernando Pessoa albergarão inúmeras versões de uma só ode de Ricardo Reis (Fernando Pessoa).
Às 19h30, actores da Tenda – Palhaços do Mundo dirão poemas de Pessoa, das janelas da Casa Fernando Pessoa para a rua em frente. Pelas 21h30, na mesma rua, terá lugar um espectáculo musical pelo Flak Ensemble, e às 22h30 a peça de teatro «Todos os Casados do Mundo são Mal Casados», dramaturgia de Inês Pedrosa a partir de textos de Ovídio e Fernando Pessoa, encenada e interpretada por Diogo Dória.

PORTO - Bar Labirintho
Dia 17 de Setembro, às 22H00: Poemia (poesia e boémia)
Poemas de Mário Rui Silvestre, Jorge Sousa Braga, Pablo Neruda, Marquês de Sade, Eduarda Dionísio, Anna Akmátova, Cecília Meireles, Pier Paolo Pasolini, Eduardo Galeano, Eça de Queiroz.
Leituras de Cláudia Novais e José Carlos Tinoco
Acompanhamento ao piano por Carlos Azevedo
Apresentação de Danyel Guerra
Rua N. Sra. de Fátima, n.º 334 – Porto

S. DOMINGOS DE RANA - Biblioteca Municipal de Cascais
Dia 17 de Setembro, pelas 21h30, terá lugar a 45ª se ssão de "Noites com Poemas", na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana.




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18 de Setembro (sexta-feira):

OLHÃO – Biblioteca Municipal
Vai ter lugar no dia 18 de Setembro, pelas 18H30h, na Biblioteca Municipal de Olhão, o lançamento do livro "O Livro da Casa" do poeta algarvio Fernando Cabrita, que com esta obra ganhou o Prémio Nacional de Poesia Mário Viegas 2008.
A edição deste livro é da Gente Singular, com apoio da Câmara Municipal de Santarém, do Centro Cultural Regional de Santarém e do Forum Mário Viegas.
Na mesma sessão, a Biblioteca Municipal pretende fazer uma retrospectiva da obra poética de Fernando Cabrita. A apresentação estará a cargo dos professores universitários Pedro Ferré e António Rosa Mendes.

ERMESINDE - Bar Ar de Café
Poesia no Ar, performance habitual da terceira sexta-feira de cada mês, entre as 22h00 e as 24h00, no Ar de Café.
Na sexta-feira 18 de Setembro, Luís Filipe Carvalho apresentará o seu programa político.
O Ar de Café fica na Rua de Goa nº 109, em Ermesinde.



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19 de Setembro (sábado):

VILA REAL – Associação Espontânea
O elenco do Teatro Universitário do Minho apresenta durante todo o mês de Setembro o espectáculo de poesia Inspiração é Respirar, que recria os poemas de João Negreiros, jovem poeta e dramaturgo, recentemente galardoado com o prémio internacional OFF FLIP de literatura 2009 (Brasil), na categoria de poesia.
Vila Real, Associação Espontânea, 19 de Setembro, 21h30

PORTO - Clube Literário do Porto
Dia 19 de Setembro, no Piano bar do Clube Literário do Porto:
16:00h: Lançamento do livro «Cantos e Contos» de Maria Alda Flórido Gonzaga
18:00h: Portugal Poético “Camões, vida e obra”


PORTO – Ateneu Comercial
Sessão de lançamento do livro de poesia “Angústia, Razão e Nada” de Henrique Pedro (edição temas Originais) no Ateneu Comercial do Porto, Rua Passos Manuel, 44, Porto, dia 19 de Setembro, pelas 16H00.
Obra e autor serão apresentados pelo poeta Xavier Zarco.



ODIVELAS – Centro de Exposições
Vai realizar-se, no dia 19 de Setembro, mais uma sessão da tertúlia quinzenal "Palavreando", pelas 22 horas, na Casa do Largo, Centro de Exposições de Odivelas.
Um local onde os tertulianos poetas, escritores, amantes da poesia, anónimos ou conhecidos ouvem e dizem poesia.


PORTO - Palacete dos Viscondes de Balsemão
Apresentação do nº 2 da revista BRILHO NO ESCURO.
Dia 19 de Setembro, pelas 21.30h, no Palacete dos Viscondes de Balsemão (Praça Carlos Alberto), Porto.
Leitura de poemas por Susana Guimarães e Rui pena; Saxofone por Nuno Brito.
Produzida por duas artistas plásticas, Graça Martins e Isabel de Sá, também poeta, o projecto da revista pretende divulgar poetas emergentes em paralelo com poetas de referência junto do público.

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20 de Setembro (domingo):

LISBOA – Fnac Chiado e Fábrica Braço de Prata
O elenco do Teatro Universitário do Minho apresenta durante todo o mês de Setembro o espectáculo de poesia Inspiração é Respirar, que recria os poemas de João Negreiros, jovem poeta e dramaturgo, recentemente galardoado com o prémio internacional OFF FLIP de literatura 2009 (Brasil), na categoria de poesia.
Lisboa, Fnac Chiado, 20 de Setembro, 17h00
Lisboa, Fábrica Braço de Prata, 20 de Setembro, 21h30

PORTO – Ateneu Comercial
Lançamento do livro “Pin – Uma explicação de ternura” de Luísa Azevedo no Ateneu Comercial do Porto, no dia 20 de Setembro (domingo) pelas 16:00 horas.

domingo, 13 de setembro de 2009

Trasladação dos ossos de Jorge de Sena

De Santa Bárbara chegaram os ossos do poeta
que a pátria exilou. Uns pulhas de um assim chamado Ministério
da Cultura, que não dão à poesia a mínima importância,
ergueram-se a esse gesto como se não se soubesse
quanto os poetas detestam, como tantas e tantas vezes
foi provado e a paródia eleiçoeira, desta vez,
fez promover, não por amor aos versos, certamente,
mas para marcar a determinação da pequenez
em que todos morrem de fome da fartura enfatuada
desta gente. A ocasião, como é comum dizer-se,
faz o ladrão, e a estes não escapam as oportunidades
que o brio predador lhes aconselha, sujando tudo em volta,
dando a tudo o que é grande a represália de sempre,
tal como a todos os poetas já fizeram,
tal como fizeram ao Botto e agora ao Sena fazem, que esperou
mais de trinta anos para que a terra portuguesa de vez o afeiçoasse,
notando-se que como clandestino aqui chegou, agora,
não pela obra dele ou os seus actos, mas pela solerte ratice da canalha
que nunca subirá a púlpitos para pedir desculpa do mal que nos tem feito
e à poesia sempre odiará por lhe saber o fantástico poder que a cilindra.
Brancos os ossos chegam às exéquias da trasladação que por demais tardou
e não há corais de crianças das escolas a entoar-lhe cânticos,
não se promove gente a ler-lhe os livros, não se lhe divulga a obra,
nem os telejornais abrem com a notícia da chegada justa,
a todos convocando não só a que assistam e aprendam, mas que usem
a sua arte de música e de palavras para ampliar a verdade e a liberdade,
o corpo e os sentidos, a dignidade de resistir a tudo,
por mais que o vilipêndio se prolongue e se não salde nunca a dívida.
Não é para admirar. De humilhações, exílios e imbecilidades sofreu Jorge de Sena
durante toda a vida e este misto de preito e de omissão está na linha
do que a pandilha execrável é capaz, tratando-se de dar com uma mão
para tirar com a outra, como é próprio do descaramento e do oportunismo
que, imparável, os há-de condenar ao esquecimento de nunca terem nome,
nem espinha dorsal, nem verticalidade, nem ossos que alguma vez possam
passar por nossos.

Amadeu Baptista
(inédito)

Mais logo, na Guilherme Cossoul


Apresentação do livro de poesia
de Luís Brito Pedroso
“Princesas Dianas e Anti-heróis”
(edição do autor).

Apresentação por Inês Ramos.

Dia 13 de Setembro pelas 18H00
na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul
(Av. D. Carlos I, nº 61, 1º, Lisboa)

Apareçam!

Mais logo, na Gato Vadio

Autobiographie Mutuelles

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Jorge de Sena (1919-1978)

Três décadas depois da sua morte, Jorge de Sena foi sepultado hoje no cemitério do Prazeres.
A propósito desta notícia, recomendo uma espreitadela ao post no blogue do poeta Rui Almeida, aqui.

Mais logo, na Livraria Trama:

11 de Setembro • 21h30

Apresentação dos livros:
"Os nossos dias" de Miguel Godinho (editora 4águas).
Apresentação por Inês Ramos.

"As limitações do amor são infinitas" de Rui Costa
(editora A Sombra do Amor).

Livraria Trama:
Rua São Filipe Nery, Nº 25B, Lisboa (ao Rato).

Apareçam!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os vossos poemas

Caros etéreos,
no último passatempo, o mote foi a palavra "labirinto". Como sabem, este passatempo foi patrocinado pela editora Labirinto, que ofereceu 9 livros para os primeiros 9 participantes que enviaram os seus trabalhos.



Assim sendo, os participantes mais rápidos que receberão livros são os seguintes:
Pedro Teichgräber: “Vasos Comunicantes” de António Ramos Rosa e Gisela Ramos Rosa, com ilustrações de António Ramos Rosa, Abril 2006
Lucila Nogueira: “À Descoberta das Causas No Sortilégio dos Efeitos” de Manuel Madeira, Janeiro 2009
Carla Ribeiro: “Os Meninos e outros poemas” de António José Queirós, Setembro 2008
Gabriela Rocha Martins: “Ciclo de Criação Imperfeita” de Seomara da Veiga Ferreira, Junho 2008
Conceição Paulino: “As Vindimas da Noite” de Maria do Sameiro Barroso, Maio 2008
Vicente Ferreira da Silva: “Estrelas Mínimas” de Fernando de Castro Branco, Maio 2008
João Rasteiro: “Uma extensa mancha de sonhos” de Graça Pires, Abril 2008
Torquato da Luz: “Livro de Ritmos” de Maria Teresa Dias Furtado, Maio 2007
Fernando Aguiar: “Um poema para Fiama” antologia de vários autores, coordenação de Maria Teresa Dias Furtado e Maria do Sameiro Barroso, Maio 2007

Eis todos os poemas participantes, pela ordem que chegaram:

Preso a segundos,
Que formam fragmentos,
No meio de labirintos,
Afogado em Pensamentos,
Não sei o que quero,
Nem o que te espera a ti,
Anda,
Foge,
Sorri...
E encontrarás o início,
Do mundo que não tens.
Procura das entranhas de onde vens,
Rebenta um pouco,
Dá ouvidos ao homem louco que te fala da sorte,
Mas te traz a vida e a morte,
Toda a esperança que tinhas voou-te,
Mas tu és-me e eu sou-te...


Pedro Teichgräber
http://www.portofolium.blogspot.com

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Espelho veneziano

Achei que estavam mortos os poemas
e abri os livros sem fascinação
vidro escarlate na armadura cinza
ramo de rosas sobre caracóis.

o que fiz de mim
......................escarcha no estuário
o que fiz de mim
......................a neve no convés

......................tábua partida ao meio
......................louvor à escuridão

(A lâmpada interrompe a chama azul e branca da porcelana e seu reflexo no contorno das estalactites na gruta submarina nos carrega sem resistência para um atalho lunar onde o musgo fosforescente no tronco das árvores toca a pele como veludo no concerto de oboé desde patamares glaciais. Destino de breve anotação nas margens de um diário que ninguém leu, vermelho vagabundo em mármore carrara. Uma acrobata dorme sobre um dromedário e um piano de ébano escreve sem interrupção nossos nomes no mar.)

....................Entre o silêncio e o trauma
....................................de quem queria tudo
....................já não se espera nada
....................................deixar-se conduzir
....................deixar-se naufragar
....................................e não pedir mais nada
....................ao sonho alucinado
....................................que tanto fez voar

cercada por unicórnios sento-me à beira d’água
com a lentidão exasperante dos dias feriados
e a sombra da desmemória no cavalo branco
é a transparência de autômatos em noite de máscaras

missanga colorida no dedal de prata
espelho veneziano sobre a almofada árabe
espelho veneziano com vidro de Murano
haverá vitória se cruzar a água.

Voltar a ver-te
..........................Porque tudo agora parece demasiado tarde
..............................................voltar a ver-te
..........................e apagar do labirinto a fúria do minotauro
..............................................voltar a ver-te
..........................face ainda intangível na brancura da linguagem

o que fiz de mim
.................escarcha no estuário
o que fiz de mim
.................a neve no convés

o que fiz de mim
.................espelho veneziano
o que fiz de mim
.................moldura de Murano

..............vermelho vagabundo em mármore carrara

..............breve anotação nas margens de um diário
...............................que ninguém leu


..............e achei que estavam mortos os poemas

porque na verdade nunca somos nada

os cabelos molhados, não agüentamos mais.


Lucila Nogueira
http://lucnog1.blogspot.com

***

Deriva

O espectro vagueia nas telas do corpo em cruz
E o véu é o fogo que estende as paredes no céu,
Fantasmagorias de sonho e de ausências paradas
No efémero labirinto da contemplação inefável.
Dorme a sombra nas arcadas da deriva ancestral
E a noite contempla o verso do inverso adormecido
Onde o anjo chora o sangue das quimeras derramadas
Onde a luz canta nas sebes e o inferno é o templo do adeus.

Rasga-se o grito na pele da noite que se dilata
Como um manto de sangue e carne na contemplação de um deus,
O imperador que se eleva no fulcro do apocalipse
Onde marcham os exércitos do quimérico despertar.
Abrem-se as portas da aurora ao labirinto da esfinge
E o enigma anoitece em cravos de azul e de amanhecer
Na despedida do absurdo perpetuado entre essências
Pendulares sobre o relógio que morreu no além do fim.

E o espectro sou eu nas trevas da miragem contemplada
Com olhos de quem não segue senão véus de rubro ardor.


Carla Ribeiro
http://valedassombras.blogspot.com

***

...................-o labirinto da paixão

esta noite esculpirei a minha pira
fá.lo.ei nua e anónima

esta noite outra noite todas as noites
escavarei a nascente corpo de
onde brotarei a seiva
a paixão tolda.me
espero que o seu lastro deixe no meu corpo
o rastilho que me prende ao desiquilíbrio
quando deixei que
te inserisses em mim

ténue

há um lastro de fogo deixado no meu corpo
pelo teu corpo

tocas.me
primeiro devagar
depois ao ritmo da chuva
em bebedeira cáustica
rasgo.te no primeiro lance de escadas
no desvario
inventado só para nós e que
não viciarei
após a tua saída
inscrito nas paredes da desordem

algures a música cola.se ao teu corpo e
percorrê.lo é decifrar
os teus músculos
os teus ossos
os teus braços

as minhas mãos percorrem em
ruído insaciável a tua pele

moves.te para dentro de mim e
antes de me despenhar em teu peito
desenho trilhos
no labirinto audaz que o teu corpo basta

o ritmo cardíaco da paixão


gabriela rocha martins
http://cantochao.blogspot.com

***

um labirinto tece-se
constrói-se e ergue-se
no cérebro esgotado
invadido
por múltiplos pensamentos
sobrepostos.

vorazes vozes
ecos de ruínas ruindo...
bombas estilhaços
fragmentos desconexos
abafam a lógica
a racionalidade.

o ser deriva.
de si perdida
a humanidade.

nem homem
nem bicho

animal ferido
no labirinto do ser
perdido.


Conceição Paulino
http://tmarts.wordpress.com

***

Encruzilhada(s)

Minotauros persistem nas sombras
independentemente das escolhas
e dos desvios nos trilhos.
O novelo de lã não é suficiente
para as hesitações em vida.
Intrínsecas!
Que Cronos observa.

De nada valem as súplicas.

O silêncio da resposta é ensurdecedor.
Assoma as dúvidas e devolve-nos
à evasão da partida.
Mas a linha já foi consumida.
Pelo castigo do enliço!

De nada valem as súplicas. Por
isso as entoamos.

Somos labirinto movediço.


Vicente Ferreira da Silva
http://inatingivel.wordpress.com

***

Quero um poema tão real quanto o Colosso de Rodes

O silêncio metamorfoseou-se assim de luz:
por um lado, a sílaba da magnólia virgem,
por outro, orquídea azul de cetim genuíno,
espaços de deuses em labirintos fossilizados.

Poema, morte e vida desejando-se bilingues
de bocas e sexos, a proliferação barroca, vozes
em módulos acesos de vocabulários, graciosas
estátuas escorriam mudas dos cabelos de hélios.

Língua: por um lado, enxurrada incandescente,
garganta atravessada; por outro, pássaro contíguo.

Corpo: também é trovão, temporal de primaveras,
fingimento, verbo, criação (refúgio no tímpano).

Recriar a língua em seu silêncio
será sempre desrecriar-se biografia imperfeita

do eu, estar desnudo: estátuas, estátuas, poesia,
o eco, tudo o que aniquila a inflorescência da voz.


João Rasteiro
http://www.nocentrodoarco.blogspot.com

***

Labirinto

Havia um quadro de Lautrec e um poema
(era de Baudelaire ou de Rimbaud?)
e uma taça de absinto.
Numa parede, alguém gravara o lema
que animaria o nosso voo
através do labirinto:
"Não há processo
de amar sem excesso".


Torquato da Luz
http://oficiodiario.blogspot.com

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Contradicções

se retraço / se refaço / se prossigo e mais não digo /
se repasso e não trespasso / se redigo e não consigo /
se me engraço e no compasso / ameaço e lá religo /
porque o faço ? / porque traço?/
porque maço ?/ porque sigo ?

se espero e desespero / se não quero e me redimo /
se não esmero / pois não quero / se fero, firo e afirmo /
se refiro e não confiro / largo, tiro e animo /
porque opero ? / que tolero ? /
porque gero ? / o que estimo ?

se ocupo e não me culpo / se desculpo e não consinto /
se exulto e em vão oculto / se permuto e não me minto /
se não esqueço e enlouqueço / se mereço o labirinto /
porque expresso ? / porque acesso? /
se regresso e lá repinto ?

se envolvo e não resolvo / se promovo e mal não passo /
se osculo e sim discorro / se ocorre e não me escasso /
se parece e transparece / se na prece não me enlaço /
quem esquece ? / que acontece ? /
porque aquece ? / que desfaço ?

se acorro e lá percorro / se do pranto faço encanto/
se aprovo e não recorro / e o recanto é sacrossanto /
se escorro e subo o morro / adianto e entretanto /
porque incorro ? / porque morro ? /
se socorro e faço tanto ?


Fernando Aguiar
http://ocontrariodotempo.blogspot.com

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eu, labirinto

escondo-me!
para não me surpreender neste eu que carrego,
não sentir o peso da alma que renego.
escondo-me!
de um passado que me traz cativa,
para não me perder num sentir à deriva.
escondo-me!
no engrenado labirinto em que vivo,
onde até da saudade me privo.
escondo-me!
de um amor que rompe em minhas veias,
no medo de ver crescer a paixão que semeias.
escondo-me!
no ardor da noite em gritos de revolta,
desta sede de me querer tão solta.
escondo-me...
escondo-me,
neste engenhoso labirinto de mim!


Luísa Azevedo
http://pin-gente.blogspot.com

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pestana de fogo: linfócito

(poema hipertextual hiperescrito em .html. Para viajar no labirinto deste poema, clicar aqui.)


Bruno Ministro dos Santos
http://anatomiadeumaferaemfuga.blogspot.com

***

Poema Labirinto


demasiada carne neste copo
demasiado lixo nesta língua vermelha
demasiados olhos nas lâminas que lambem os rostos
demasiada impaciência nos passos apressados
sobre a calçada que ateia

um homem cheio de pele
um labirinto frenético
um interstício de fogo branco
uma vírgula sentada num buraco


Uma frase desconhecida sobre a mesa


Um homem que se repete


Um homem que se repete


Rui Miguel Santos

***

O labirinto do século XXI

No labirinto desta civilização,
Anda tudo num vaivém;
Numa grande confusão,
Ninguém sabe o que tem…

Alguns falam ao coração
Para os votos do Zé Ninguém;
Na propaganda dizem que dão,
Depois o Zé fica sem vintém!

E no meio de tanta frustração
E de muito desdém,
De enorme ilusão,
Demos voz a uma Canção.

Quem manda é o cidadão
Que trabalha para o Bem,
A todos dando a mão
Sem olhar a quem!


Delmar Domingos de Carvalho
http://www.cosmocraciarosacruciana.pt.vu

***

Uma árvore

Uma árvore chama o tempo
onde o pássaro procura o sul
a arquitectura do vento
invade o coração em filamentos
vi-a entrando-me o corpo
na esperança que gera uma flor

para que em todas as árvores
floresçam aves.

Um polvo de luz se alimenta
há um labirinto na copa, uma asa
um ramo cresce contra a gravidade
até que o fogo alastre à luz estelar
e o olhar pernoite nos incêndios
com a morte mansa do vento.


Graça Magalhães

***

Indizível silêncio

faz tempo meu amor que as aves não se ouvem.
é tudo tão pequeno nesta pilha de versos!
e já não sei usurpar do mar o silêncio confessional das conchas.
se te falar da movimentação dos peixes
digo-te que são lágrimas aos pedaços sacrificadas de azul.
tudo é tão excessivo
quando sobrevoo o rastilho da memória
e não te encontro nos meus dedos.
descanso na areia ainda quente
onde há muito tempo atrás acendemos as palavras que já esquecemos
e vivo este sono sem prazo
porque se te falasse de amor
estaria a falar da chuva
ou das raízes que apodrecem no labirinto das mãos.

sei agora da impossibilidade de te explicar o sol
o movimento desta terra em delírio permanente.
no meu corpo desistente
procuro só o silêncio mais que perfeito
por não ser capaz de refazer a voz
e mergulho na terra mãe
como um feto impreparado para nascer.

Luísa Henriques

***

Andavas perdida
teus braços como esquinas
o eterno labirinto que eram as vinhas .

Fugia o esquecimento
dobravas lenços brancos ao pescoço
perdias o sentido, que ecoava no poço.

No poço negro ao canto da aldeia.


Raquel Lacerda
http://asinhasdefrango.blogspot.com

***

no lado oposto ao mar
ouço vozes com sede
vazias do mundo
furiosas
esperando um beijo que as cure
e as livre desta nostalgia
de trazer por casa

no lado oposto ao mar
vejo trigo
tulipas
tomilho
um festival de cores quentes
e texturas quebradiças
aguadas
ensopadas de tosse seca

a chuva já não se deixa cair
arrasta-se pelas paredes das nuvens
desagua nos poços
nos campos, nos olhos
os animais desfalecem
nesta ausência de vida táctil
- é monstruosa

sinto as pernas fundirem-se
com o chão duro
de um labirinto morto
e os braços perderem
os ramos das árvores perto,
perdendo o controlo das distâncias
entre o ar e as coisas que não me salvam

afundo-me no inconsciente
nas terras soltas
do chão

pudesse eu chamar-te à razão
dar-te as minhas palavras
a minha liberdade
os rios,
um beijo em cada foz
dar-te-ia o silêncio todo
para que o vertesses
no que resta do mar


Soraia Martins
http://sabordoescuro.blogspot.com

***

Cresces em minha alma
Renasces a cada dia com nova calma
E embalas em teus braços
O que de mim roubaste com laços
De um amor mais que prometido.

Um amor ainda não ferido
Um amor que só sinto,
Que por mais que tente, não desminto
Pois foi no labirinto do teu ser
Que voltei a aprender a viver.

Insisto, mas por fim não resisto
É a ti que me rendo
E por fim me desvendo e deixo arrebatar.


Diana Patrícia de Castro Almeida

***

Labirinto

Ando às voltas
Perdida
Desorientada...
Entrei num labirinto
E o que pressinto
A saída está lacrada!
Eu minto...
Eu sempre minto
Quando sorrio para ti
Entre neste labirinto
Não sei sair daqui!
Volto
E revolto-me
Porque não te esqueci...
Encontra-me
Procura-me na multidão
Tira-me do labirinto
Livra-me da confusão...


Andreia Silva
http://segredos_escondidos.blogs.sapo.pt

***

Hoje vou… parto.
Vou para lá…
Não sei bem para onde…
Mas vou… quero ir…
Vou andando… Caminhando.
Vou tranquilamente,
Não existem pressas…
Mas vou… quero ir…
Olho para o lado…
Não vou sozinha…. Sorrio.
Sigo contigo….
E vou… quero ir…

Caminho por este labirinto que é a vida,
Ruas e cruzamentos sem saída,
Nada me assusta… vou.
Vou… porque quero ir…


Cátia Azenha
http://cticho.blogspot.com

***


Desencanto

Cansei-me de ti.
Entristece-me perder o que nunca existiu,
mas não quero permanecer no que existe.
Dentro das muralhas da tua beleza
corre um rio de egoísmo
que já não consigo suportar.
Destruíste as margens da tolerância
e as águas começam já a inundar-me a dignidade.
Quem despejou esta arrogância na tua corrente?
És uma enxurrada violenta
que desagua no mar poluído da insensatez.
Tu, encanto interrompido pelo desnudar dos dias
que desenhou uma fé sombria nos meus sonhos
e incendiou de dor o horizonte.
Porque deixaste que o desejo nefasto do teu orgulho
secasse o rio de ilusão que me enchia a alma.
Procuro ainda na essência nocturna dos teus lábios
um fôlego de sobrevivência que faça palpitar
o esplendor da tua imagem.
Caminho neste Outono embriagado de desilusão
e ouço a tua voz desfalecer no vento.
Sigo sedento pelo labirinto íntimo de êxtases perdidos
que vivem encalhados no fundo da minha memória.
Mergulho no brilho pálido da tua inocência
e nas águas anémicas de alegria
aguardo uma transfusão que faça circular a eternidade.


Alberto Pereira
http://murmuriosdautopia.blogspot.com

***

O desejo

É neste rendilhado de veredas íngremes
Que sulco vidas, sóis perdidos etéreos
Espaços onde declamo sentires sussurros
Forças deste escrever d'alma maresia...

É neste desejo de enredo compulsivo
Que me envolvo e abraço em torpor
Mar revolto de azuis força, maré viva
E perco a âncora do infinito por remir...

Quem me dera navegar solto e confiante
Nesse horizonte...lá longe ...bem febril
Até ao cair do último raiar de solstício...

Quem me dera batalhar ondas iodadas
Refrescar-me nas manhãs frescas de ti
E perder-me neste labirinto de quartzos...


José Luís Outono
http://pretexto-classico.blogspot.com

***

aSoLiDã0qUeMeDeIxAsTe

A solidão que me deixaste cobriu-me o peito
De todos os segredos que tinha guardados
Rasgam-se-me os passos no peso das entranhas
Volta e meia sorri-me com manhas e artimanhas
Porque nunca mais de mim saíste. Ficaste.
Com a solidão que me deixaste.
Os tempos revolvem-se na noite e não adormecem
No tormento do vazio ser tão cheio
E nunca mais páro de mim; nunca mais a viagem acaba ou começa...
E mais um muro se constrói e sem guindaste!
Por causa da solidão que me deixaste...
Sou um rio em tempestade e sem rumo
Um labirinto no precipício que me assalta os dedos
Um longo e escuro silêncio
Que me deixa surdo de tamanha dor...
E assim ficaste. Com a solidão que deixaste...


Pedro Branco
http://daspalavrasquenosunem.blogspot.com

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Gemido de Violino

Uma lágrima se solta ... sem ventos, sem
brisas ... se volatiliza num gemido de violino!
Dormes. Por dentro da luz ténue de silêncios
finos, silenciados na concha tumular que cobre
todas as pedras desalinhadas da calçada.
Hoje caminho na Avenida. Piso a passos precisos
os trilhos por onde tantas vezes viajaste
sozinho dentro de mim. E sozinho em ti,
perdido num labirinto. A nebulosa esmaecida
teima em perpetuar-se à minha frente.
Persistente, a lágrima cristalizada se solta,
rola extemporânea. Avança, morde e beija a boca.
Tem o sabor salgado da Saudade e, contudo,
liberta, traz-me de regresso à realidade.
Refulgentes, os raios iluminados da manhã,
traçam nos paralelepípedos novos desenhos
constelados. Das ruas pardacentas,
aos poucos, a espasmos, a Primavera brota.
Estrangula o vazio e a melancolia nostálgica.
Emerge em sons. Eternas sintonias Genésicas.
Na igreja em frente, toca o sino.
As ruas recobrem-se, serenas, com as cores
brancas do seu manto Divino.


Mel de Carvalho
http://noitedemel.blogs.sapo.pt

***

Labirinto

..................................Para Juan Carlos Valera

No labirinto da aflição absoluta,
instantes de liberdade criam o objecto,
um animal submerge da catástrofe
e grita apaixonadamente por Fourrier.

No labirinto da aflição absoluta,
o infinito caminha com um véu de bronze,
no sentido do silêncio flutuante,
e das paixões recalcadas no horizonte.

No labirinto da aflição absoluta,
nenhum abandono é possível
nenhuma solidão se esgota,
nenhuma inteligência é efémera.

No labirinto da aflição absoluta,
a navegação possível é entre o amor,
ao longo das margens de misteriosas vertigens
moldadas habilmente por encontros insólitos.

A aflição absoluta é um criptograma,
uma voz surda na água gelada,
uma flor que se esfuma na tempestade,
um corpo à procura dum princípio,
uma linguagem audível no sonho,
uma esperança alienada, um labirinto de paixões e desejos.


Miguel de Carvalho
http://deboutsurloeuf.blogspot.com

***

Who wants lo live forever?

A saudade
desassossega a memória
das tardes de Maio
em que as noites se inventavam
para que as madrugadas tardassem.

Quando
os livros tinham a meio
sonetos acidentais
jantares em Alcântara
o caderno em branco
poema nos teus lábios beijo de cinema
e
estavas sempre comigo
num abraço
mesmo quando os girassóis exigiam a tua atenção
e
eu clamava o calor dos corpos
serenados em uníssono
assim
o pé pousado
nas escadas de namorados
sentindo o frio
à noite
na cidade dos estudantes
na metade que os todos os anos têm
em (A)gosto
de anéis
que na incerteza vão de prata a ouro.

Também não sei porque partes. Só sei que espero por ti.

Ainda sinto as letras
que me desenhaste nas costas
enquanto
vibrava intensa
num texto a duas mãos
com palavras que já não sei.

Então
a paz que tu precisas
e a agitação
sem a qual
eu não sei viver.

Numa despedida sem adeus.


AnaMar
http://um-cha-no-deserto.blogspot.com

***

A quem?

Ao amor de quem?
Aos céus, apenas atmosfera?
Aos deuses, imaginados ou apenas fantasiados?
Aos homens e mulheres, apenas?
Aos cães, sós, de cada cidade com ruelas sujas?
Ao ódio, amor disfarçado?
Ao lobo na pele do animal que sucumbe?
Ao corpo nu e frio estendido no mármore?
Ao velho, mudo perante uma parede que não lhe responde?
Ao engano?
Ao fraudulento desengano?
Ao nu abandono da mulher triste?
Ao choro da criança abandonada na escola fria?
Ao labirinto assírio da existência?
A quem interessa o poema?
A quem aquece a fogueira branca de palavras?
A quem me ouve?
A que silêncio grito, para nada?


Carlos Teixeira Luis
http://verderude.blogspot.com

***

Sonhos perdidos

Ando entre o sonho e a vida
Perdida em medonho labirinto
Com a alma entorpecida
Caminho até ao fim – puro instinto

Inda que sejas sonhos e segredos
Passes nesta vida lesto a deslizar
Como a areia flui da mão p’los dedos
Assim como palavras do meu poetar

Neste tempo e espaço vazios
O futuro vago se apresenta
Diante de medos tremendos e frios

Vivo presa nesta tormenta
Os sonhos foram lindos e perdi-os
Já nem o amor me acalenta!


Susana Custódio
http://www.sergrasan.com/susanacustodio

***

Sentidos no Labirinto

As tuas palavras falam de saudade,
que, em mim se projecta….

Num labirinto cheio de estátuas toscas,
com expressões de horror,
e, que me fazem recuar.
Igualmente com horror no meu olhar….

Talvez porque não tenha compreendido.

O sentido,
O significado.

Volto atrás, refaço os meus passos.

Cada rosto define um sentimento….
Cru…
Sem ser polido….
Ou pintado…..


Marta Vinhais
http://www.amartaeeu.blogspot.com

***

Al-Alentejo

Trabalho continuamente por dentro
da cabeça exaltada exerço a beleza
da minha loucura,
há muito silêncio sempre o silêncio
no labirinto ocre da paisagem canta
o alaúde modelando a noite
e o dia.
Depois digo:- o trigo arde nos campos exaspera
de tanta luz
e na sombra o ancião uma voz
que diz:- em expessas zonas de silêncio
cresceu uma árvore alimentou-se
nos subterrãneos.


António Nunes

***

Labirinto

Segue, Ariana, a arte de sonhar o limite.
desfia teu rendado olhar
uma só vez primeira
pelo solitário labirinto.
Sem Atenas ou Creta. Num linguajar profano
traz a chave e o tempo da luz
a força diante de ti mesma e o apelo
a este enigma solto na corrida
como se o destino fosse
esse acaso acorrentado ao vazio
do meu caminho voltado para sul.
Não vejas a transgressão inocente
segue veloz até ao centro onde a luz se côa
e aí dança com essa figura avassaladora
babilónico Minotauro, prisioneiro do
destino do amor.
Leva-me por esse fio fantasmagórico
até à parede de gelo, até às margens
dos animais furiosos – não há
pétalas frágeis neste mar demiúrgico –
tira-me do desespero da injustiça
que me habita.
Segue, Ariana, até à porta que fica
diante do mar.
Não, não falemos de possíveis enganos
dos espelhos. Ambos somos prisioneiros
do terror da morte que Dédalo teceu
com suprema ironia de besta pensante.
Vem, antes da meia noite
à hora da reconstrução,
romper a voz labiríntica do mundo
para te eternizar
na gruta dos regressados
à vida.
Não pares diante de Babel
das forças ocultas do corpo
exorcizado na demonstração da
nudez espreitada através da frincha.
(sempre os teus olhos arderão)
além da fala para me tornares
num longo corredor.
Assim, sobreviverei à minha vítima
na dissolução da lenda de um farol
enquanto dure este labirinto onde
fingimos ser felizes.


Américo Teixeira Moreira

***

Se fosse Ariane
haveria de libertar-te
haveria de trazer-te a mim
desenrolar lentamente o fio de quem sou
ou deixar-te
para sempre perdido
no labirinto tão frágil
do que sentes.


Ana Margarida Costa
http://puracoincidencia.blogspot.com

***

Ontem à Tarde...

... sentei-me na beira do passeio.
Um passeio por onde pouca gente se passeia.
E,
De uma forma inacreditável e estonteante,
Um molhe de estrelas caiu-me ao lado!
Ali,
Nas pedras "aquadradadas" e polidas,
Assim,
Comigo desprovida de tudo o que não era espectável.
Não escolhi nenhum pedacinho especial de céu para me sentar por baixo,
É verdade,
Estou em crer,
Sentei-me apenas,
Sem prestar atenção,
Lembro-me é que o azul translúcido de todo o dia se tinha aguarelado num cinza mesclado...
Sei porquê...
Quando um molhe de estrelas cai assim do céu,
Desse jeito,
É porque um encantamento se desfez...
É porque uma magia doce se diluiu...
É porque uma tristeza inesperada arrancou a paz do espírito,
E fez a alma encerrar-se num labirinto singular.
Nos dias e nos amanheceres,
Pensar,
Sentir uma felicidade quieta,

Morna,

Mansa e perceber depois,
Abruptamente,
Que já não se sente mais,
Não percebendo como ela saiu do coração,
Faz as estrelas caírem assim,

Desse jeito,

Do céu,
Tal qual me vieram cair ao lado...
E agora,
Como hei-de colocá-las outra vez no céu?

Dina Costa
http://pt.netlog.com/Onda42

***

Na tabanca de São Mim

no labirinto da tabanca (toca o búzio toca)
a rainha segue branca vestida da minha saudade.
e soa o tambor: acorda os naufrágios
que labirínticos são os rios e são os presságios
(bate o tambor com a mágoa da manhã
bate o tambor com a mágica da tarde
bate o tambor com a matraca da noite)
- diz-me mandona: qual é o meu lugar?
bate o tambor

e tu búzio grita – não cales até que as ondas oiçam
e saltem do mar os passados dados
tão negros como a boca do vulcão.
brama búzio proclama a paixão:
quero dar-me às fúrias na luxúria do colchão
mesmo que já seja tarde (uiva búzio
como as sirenes mugem
e a salsugem marra sobre a firmeza das rochas).
chora búzio por minha comiseração.
grita búzio grita

e tu cimboa marca o compasso (devolve-me o fôlego
para que o chão se fixe nos meus desejos).
o rei é quem manda no segredo da farda
como o xerém manda na alma das panelas.
escuto-te a voz: ordena-me que não pare.
e a cimboa geme. freme a vontade
de ter outra pele e soltar o sol
e ainda encetar outras caminhadas
que só a cimboa arranca ao labirinto

- reza cimboa aquilo que eu sinto


Nuno Rebocho

***

Labirinto de poesia acesa

sonha em meus lábios poesia
sonho entorpecente de desassossego
vive no labirinto de insano dia
demente minotauro do sono e medo
poema exortado de prosa extinto
vive profundo derramado
sublime mundo declamado
do que digo e nunca minto
em tão estranho universo
assim procurado
chão de terra
infinito céu
imenso mar
louca vida
prosa em verso
procura
poetas delirantes sonham declamar
súbita sensibilidade de loucura ilusão
devassa poesia em labirinto presa
escrita noite vontade na solidão
a transbordar de sentidos em prosa acesa
fremindo ao vento em cordel a balançar
esvoaçam palavras em movimento
como longínquas estrelas a cintilar
nos olhos poéticos do firmamento


Ana Bárbara de Santo António
http://anabsantoantonio.blogspot.com

***

tocar o relevo que rodeia
esses olhos:
a fuga do sono que fulmina -

que eleva a viagem
do peso específico,
para o sentir sem conteúdo.

como suspende
a névoa sobre aquele brilho
agora fragmentado em si?

porque se convocam
as alcateias até ao toque
do quase.

os vidros impedem a visão: são mais ténues
que membranas sopradas pelo
vento nada.

estes nervos deixam de ser os
ramos que afastavas docemente:
tecidos: inconscientes: obliterados.

espalho-me por estas ruas para que o eco da tua
passagem na madrugada esclareça esta noite
que não emagrece.

grito a interrogação
- a que se embrulha em avidez:
o que arquitecta esse muro?

a resposta ampara
as gargalhadas no labirinto de madeira
azul: cerâmica da volatilidade.

os beijos, esses;
investigam os intervalos
que engolem aquele mistério.

como te prendeu a ausência,
movimento de radiação
que o sábio procura.


Nuno Fonseca
http://omarsuperior.blogspot.com

***

No labirinto da memória
uma imagem perdida
Uma imagem fugaz, discreta.
No bastidor, esticado, o alvo linho
de onde em onde maculado
por um bordado azul,
o azul do mar de Creta.
Não sei se era lençol, se era toalha
Na memória, apenas o bordado azul
e a brancura do linho.
Tudo o mais se esfumou
numa poalha etérea,
não sei se onda se matéria,
que o tempo dispersou.


Regina Gouveia

***

Grito

Grito
Mas só me responde o eco.
Depois faço silêncio
Na escuridão.
Os sons abafados dos pensamentos
Surgem então como lamentos
Neste beco sem saída
Onde não sei ser chegada
Nem ponto de partida
Mas antes encruzilhada
De encontros
Desencontros
Desencantos
Ausências
Prantos…
Mas, ainda assim,
Vida.
É bebida de absinto
Que faz de mim labirinto
Charneca de desenganos
Claustros murados
Profanos
Um mundo de turbilhões
Ruelas de dor
Desalento
Velas rasgadas ao vento
Que sopra desilusões.
E grito
Mas só me responde o eco.


Fa menor

***

Labirinto poético

Num labirinto de saudade,
E sem sair do maior grau de consciência que vou tendo dele,
Construo passo a passo a pessoa que sou,
Sem medo de me perder por entre a multidão de Ser e de seres,
Sons, imagens, espaços que me deram esta forma.

Num labirinto de prazer,
Aprendo a conhecer e apreendo este Universo que a todos pertence,
Trazendo comigo muitas dúvidas, incertezas, anseios, remorsos, fracassos,
Mas também algumas vitórias que me avivam as forças deste devaneio
Que designo de Vida.

Até que o tempo já não me permita viver este sonho de acordar
E de ter um coração para me dar guarida,
Num labirinto de verdade, assim me quero,
Enquanto soarem por entre a minha alma e o meu corpo os sons da eternidade
Que me chegam do meu diálogo com o Outro…


Hoje, apenas quero partir rumo a um labirinto de amor e de amizade,
Quero ser tal como um livro aberto, disposto a ser lido.


Beatriz Barroso

***

Labirinto

Um estranho compasso de passos
Ressoa nas paredes dos meus medos
São gomos de todas as minhas memórias
Soltando-se em reveladores concertos
Numa estranha melodia labirinto de mim
Não são harpas nem ritmados címbalos
São ecos búzio ora pianíssimo ora frenesim
Em ondas partitura segredo de todas as vontades ...


Maria M.
http://mariasentidos.blogspot.com

***

Doce perdição

Dizem que por lá me perdi
nos afagos d’uma mulher
mas nunca me arrependi
da força do que tem de ser

Foi numa aldeia florida
à beira Tejo espraiada
além do Terreiro do Trigo
além da Praça d’Armada

Foi nas vielas de Alfama
em todo o seu labirinto
que um dia caí de cama
depois de um copo de tinto

Caí na cama, caí bem
com o teu corpo ali ao lado
tu foste o meu harém
num deserto povoado

E hoje recordo em vão
as alegrias desse fado
dos tempos da perdição
das tentações do diabo

Foi nas vielas de Alfama
em todo o seu labirinto
que se acendeu esta chama
que quando me chama te sinto


Eusébio Tomé
http://historiasdapesca.blogspot.com

***

O tempo

Quando voltará o tempo
a estender-se a nossos pés
como uma planície verdejante?

Que saudades das tardes imensas,
infinitas, em que brincávamos,
corríamos, descansávamos
e líamos, horas a fio,
esses romances que nos enchiam a alma
e que em nós se tornaram!

Durmo demais ou de menos?
Sou lenta ou, antes,
apressada em demasia?
Manhãs e tardes esfumam-se
na voragem do dia-a-dia

Nervosamente antecipo o pôr-do-sol,
enquanto percorro este labirinto
feito de momentos compartimentados,
intercalados por corredores
apinhados de ânsias e temores,
que são o meu tempo de hoje.

Sonho com o regresso do tempo infindo,
em que o corpo voltará a correr livre
como criança, e o espírito, ousado,
voará mais alto do que nunca!

Tanto desejo esse tempo!
Tanto planeio criar
nessa planície verdejante!

Caiam paredes!
Dilate-se o espaço!
Germinem sementes!
Estenda-se a nossos pés
a imensidão do tempo!


Ilona Bastos
http://br.geocities.com/ibbaptista/index

***

deus
é ela fluindo robusta dentro, atrás dos meus dedos
nessa época longe, antes de todos os lamentos
era a tarde que chegava quieta escondida pelas cortinas
enquanto me deixava ser sereia, um ser, veludo pelas caricias a deslizar
à volta, sempre à volta, rodeando o pescoço e mais a baixo

uma dançarina nos olhos da terra-mãe
aprendi o significado da alma

agora sei o significado do desejo
como quando olhei para ela depois de muitos anos
era outra vez a certeza da historia esquecida
o rumor dos pardais no quintal
nesse labirinto onde ficou apenas ela, a cidade vazia


Carlos César Pacheco
http://forteondaserena.blogspot.com

***

Saída

Agora que eu só tenho palavras
para te dar como paredes
finas de labirintos
e te cubro de estórias
de minotauros
Deixa que te encontre
hoje só um pouquinho
e vem mordiscar-me os lábios
molhar-me na raíz da língua
a tua língua
vem calar-me a boca
como a pele da lua
se cola na água


Sara Canelhas

***

poema de amor

1
se, agora, as ninfas se calam,
e amam, inclinadas no meu sono,
as naus que partem, vertiginosamente,
a tua queda é a minha queda;

se o som é labirinto,
a mão atravessará os espelhos
para colher a flor da cinza
no centro do tímpano

se o anjo é labirinto (hermenêutico),
se trás sempre à tangente da fronte
a ferida aberta dos nomes, há-de
haver alguém que profira
o nome certo, e eco de uma sombra
nos silos no centro do verão

2
sei, ícaro caiu também
com eurídice funda no coração;

então, digo-te:
não caias, que, se cais, eu terei de ficar cego
de excesso de sombra junto ao coração –
terei de percorrer os labirintos cingido pelo lume
em torno do olho e pela risca do sal
em redor do coração

3
mas, porquê, pergunto-te a ti,
que não ouves o levíssimo
silêncio do anjo, porquê
calar as ninfas, e amar o mar?
porquê, ao escrever o poema, entrar
no labirinto das cearas submersas
em plena floração?

porquê o coração avaro, a casa vazia,
as manhãs gastas?

porquê a brancura e o cavalo alado,
e os olhos revirados, e a boca cheia
de sal ou algas?

porquê os ornamentos, o estilo, a figura,
se as casas se abrem
gratuitamente à desmesura dos vendavais
polindo os lábios das ninfas sentadas nos quintais em flor?
porquê a queda num sono raso em torno dos ombros,
e porquê sempre a melodia do silêncio estremecendo
nos recessos sombrios?

porquê o magma pelo peito?
porquê o plasma circunscrito por um meridiano de cal?
porquê a queda dos líquidos,
se as córneas apontam as constelações róseas –
o deus aberto perante a visão –
e o pequeníssimo céu que se retém debaixo do pé
ligado às raízes dos minerais escalando a infância?

porquê as rosas e as casas caladas?

porquê o labirinto sonoro das raízes
em torno do ventre,
enquanto uma cidade inteira arde atrás dos olhos
quando me olhas?

4
porque a medusa acordará finalmente do seu sono de vidro
e haverá de devorar o universo inteiro
com o sal das suas córneas
ateadas no fulcro do movimento
de quem escreve e toca
nos lugares que se não podem tocar,
e porque, se ninguém cantar a voz sem nome do anjo,
restar-nos-á apenas para celebrar,
entre paredes de lume,
uma levíssima flor de cinza

(nunca ouso perguntar ao poema
o que quer e qual o seu nome)

porque a poética funda-se no seu labirinto de olhos,
e, porque, sempre,
nas tardes de rimas ancestrais, descobrimos
o incessante horizonte não nomeado
dos meandros da palavra


Luís Felício
http://www.brotundwein.blogspot.com

***

Estrelas nas noites dos dias quentes
O labirinto de luz onde o olhar se perde
Em cada forma um sinal ou um destino
A redescoberta reencontro com olhares de todo o sempre

É uma festa um banquete de todos os homens
De todos os seres o que somos e os que imaginamos
Encontro e discussão caminho e futuro
Cada raio de luz contém a história de todos os olhos que o seguiram

Noites escuras incendiadas por um céu que brilha
Em que caminho sonho ou simplesmente dialogo
Com todos os que um dia refugiados na escuridão da noite
Olharam o céu e embriagados de luz interrogaram todos os sinais.

J. Caldas
http://olhareserrantes.blogspot.com

***


E, finalmente, o poema escolhido para ser gravado em audio, de António Salvado, que aqui vos deixo, também gravado em áudio, na voz de Luís Gaspar:

«Pejaram os caminhos de cobiça,
a lama da inveja languinhenta
cobre as pedras do chão: e de mãos dadas
encontrar-me na curva pressentida
e minam como cirro de doença
que droga alguma poderá sanar. »

Tiro da estante o livro. Abro ao acaso
fixando os olhos leio aquelas linhas
e volto a folha – sigo impressionado
a descobrir sentidos ........ em surdina
interrogando sortes e destinos
por que partiu ali em tantas páginas
o livro que busquei........ no labirinto
de tal desordem.... tão desalinhada?


António Salvado



Obrigada a todos pela entusiasta participação. Obrigada ao Luís Gaspar.
E... até ao próximo passatempo.

....................
Relembro que este "espaço aberto" é um espaço de tertúlia e não de alguma espécie de competição. Para isso existem os concursos literários, com júris e prémios monetários.
A vossa participação nestes passatempos deve ser sempre na óptica da partilha, da sã convivência, para divulgarem o que escrevem. Por isso vos agradeço a forma como têm participado nestes passatempos.
Os participantes que recebem livros, são apenas os que foram mais rápidos a enviar as colaborações.