quarta-feira, 31 de março de 2010
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
Duplo Esplendor
Gonçalo Salvado
Desenhos de Manuel Cargaleiro
Afrontamento, 2008
Macieira
Como uma macieira entre as árvores
assim é a minha amada.
A rescender de aromas a mim se entrega
numa nudez viva e iluminada.
Oh a doçura de sua boca
delícia plena para meus lábios!
E a volúpia de suas carícias
inebriantes mais do que o vinho!
Fonte selada a chamo:
seu corpo é água derramada
em minha sede,
jorrando de sua beleza pura.
Para receber a amada adornei de flores a casa.
mas foi a amada que ao entrar nela a perfumou.
terça-feira, 30 de março de 2010
Bar na Cave: R. Imprensa Nacional, 116b (na cave do Restaurante BS), Lisboa.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Sábado, 3 de Abril, 22H00, na Fnac Norteshopping, em Matosinhos.
João Negreiros dá voz a poemas do seu mais recente livro de poesia, "a verdade dói e pode estar errada", num espectáculo onde o público poderá deliciar-se com interpretações viscerais, inesperadas e apaixonantes.
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
domingo, 28 de março de 2010
sábado, 27 de março de 2010
Hoje (ainda) é Dia do Pai!
Caros etéreos,
Como sabem, para este último passatempo, em que o tema era o Pai, o autor Dinis H. G. Nunes ofereceu 10 exemplares do seu recente livro de poesia "Pai sem Natal" para os primeiros 10 participantes que enviaram os seus trabalhos.
Assim sendo, os participantes mais rápidos que receberão livros são os seguintes:
1. Diana Almeida
2. Nuno Gonçalves
3. Raquel Lacerda
4. Luís Lima
5. Joaquim Alves
6. Conceição Paulino
7. Ricardo Silva Reis
8. Paula Raposo
9. Daniela Pereira
10. Gina Ávila Macedo
Eis todos os poemas participantes, pela ordem que chegaram:
Pai - o meu
Nem sabes como me concebeste,
Mas sabes como o meu crescer bebeste.
Não sabes como ao fim da estrada chegaste,
Mas sabes que a minha mão nunca largaste.
Não sabes quais as feridas que abriste,
Mas sabes que para as curar contribuíste.
Não sei como meu pai te tornaste,
Mas sei que és o meu e que a tua missão honraste.
Diana Almeida
*****
Cresci a cada grito teu,
A cada palavra de incentivo.
Crescia apontado para o céu
Sentindo-me cada vez mais vivo.
Cresci com as tuas gargalhadas,
cresci com as tuas palmadas,
Grande, como tu, meu pai, não sou,
mas caminho para cimo a cada passo que dou.
Nuno Gonçalves
*****
Havia uma floresta
de cores brancas,
em que a luz se estendia
por inteiro.
Havia nomes de coisas
e saudades
e tu respiravas dentro das árvores.
Raquel Lacerda
http://asinhasdefrango.blogspot.com
*****
Folhas
Espero que te possas lembrar
esta sinapse seria tua
rasto de folha a voar
rodar pousar no chão da rua
por cada imagem caída
hora após hora folha a folha
há uma memória traída
sem um axónio que a colha
como saber onde começa
a caducidade da esperança
lembrar-te-ás do nascer desta
recordação de criança
ali junto ao lago
ao sol de alperce
num tom enevoado
que a tarde arrefece
vi essa face de folhas
ao vento a voar
ao acaso e sem escolha
nos teus olhos a brilhar
Luís Lima
*****
ESTA PALAVRA
Três letras
apenas
também dão
para escrever
esta palavra
no centro
do coração
no centro
do pão
Três letras
apenas
P de Paz
A de Amor
I de Igualdade
Estás a ver
Mãe?
Joaquim Alves
*****
Pai
em homenagem a meu pai
Presença orientação
Amor tudo discreto
Inquietação descoberta
avidez de viver sorvendo
a vida ávida e forte torrente
em que, pela tua mão,
ultrapassando temores,
aprendi a nadar.
Conceição Paulino
http://contadoras.blogs.sapo.pt
*****
E nesta Foz, onde o Douro abraça o mar, nasceu um dia
Aquele que foi meu farol em tantos ventos.
Na Cantareira fez-se luz, num beco onde o rio se via,
Que iluminou minha vida em tantos e tantos momentos.
Meu pai, pescador menino, dividido entre a escola e o mar
Cresceu em fomes de pouco pão e ausências de ternuras.
Fez-se homem de mãos abertas, doridas de trabalhar,
Mas de coração lindo e franco, carregado de doçuras.
De quem não sabe escrever em versos, marejados de saudade,
Esta falta, esta ausência, estas memórias sem idade.
Ricardo Silva Reis
http://manhasdeinverno.blogspot.com
*****
PAI
Lembras-te dos piparotes
E quanto a Mãe se enervava?
Uma mãozinha tão pequena
E os teus dedos enormes
A magoarem-me?
Lembras-te, Pai?
Benditos piparotes
Sempre certeiros,
Honestos e claros
Nas minhas mãos de criança.
Com eles aprendi
O que tu me ensinaste
E com eles viverei
Para sempre,
Num amor infinito.
Paula Raposo
*****
Já não sou quem eras, Pai...
Já não sou quem eras, Pai...
Esqueci as regras e as coisas mais importantes...
Fiz-me vento por ti...
Não me vejas amarrada numa cadeira
com a mente a fervilhar
porque as minhas pernas querem o sol das estrelas
e não o néon das tuas luzes.
Lembro-me dos abraços e das cambalhotas na areia
e daquelas horas ganhas a falar do milho que comiam os pardais...
Porque é que o vento vinha do Norte e não do Sul?
Dos meus porquês que nunca duvidaste
que tinham razão de ser.
Pai, que me acolheste nas noites frias
rasgando-me sorrisos ao meio
só por te ter ali comigo...
Já não sou quem eras, Pai...
Fujo das Leis do Homem.
mergulho nas Leis do Sonho
e carimbo os meus dias com memórias
de gentes que já nem lembro o rosto..
Esqueci as regras e as coisas indiferentes...
abri corações meti-me lá dentro
e nenhum juíz me condenou por isso...
Ainda me guardas debaixo das tuas asas
pedindo para não me encontrares um dia à deriva...
Obrigado por não me deixares voar sempre à toa..
Mas, já não sou quem eras, Pai...
Daniela Pereira
*****
as mãos eram brutas
talhadas
pelo trabalho
áspero
o coração era delicado
traçado
pela mulher
macia
a obra nasceu.
Gina Ávila Macedo
*****
Finados
Morre um pouco de mim
no sepulcro de meu pai.
Aquele olhar tão pessoal,
não trago eu no meu rosto?
A minha voz, meu sorriso,
acaso são tão só meus?
A sabedoria dos tempos,
a omnisciência que ele tinha,
herdar como?
Partes de mim hoje dormem sob a lápide,
na partilha da partida final.
Entre as flores plásticas das alamedas
- homenagem dos que têm menos tempo
do que saudade -
sinto-me ficado ali
enquanto volto.
Ouço ainda
as pás socando a terra
e imagino os coveiros
cobrindo muito mais
do que supõem.
Adauto Suannes
*****
Herança
Ao Manuel Rasteiro
Junto às margens impassíveis dos rios da Babilónia
os salgueiros têm folhas e espinhos hábeis de silêncios,
O silêncio obriga-me a ouvi-lo e agride sem compaixão
a memória absoluta na chama que se desfibra metálica
entre as cordas da última jangada nas veias das águas,
O meu amor é uma navalha na garganta cúmplice
reinventando hoje o retorno da tua voz hálito genuíno
iluminando-te lentamente na cozedura plena das palavras,
Agora tu és uno como o tempo despido dos dias robustos
na tua morte floresce a arquitectura nua da minha morte
aves em vigília serena sobre os rebentos dos salgueiros,
Quero apreender a semente nas águas puras da Babilónia
a acústica sagrada do búzio que cadencia a tua imagem
o espelho hibernal que subsistia entre ti e a boca da morte,
Emudecido sei que onde as feridas se alojam indolentes
a cria dobra-se do regaço incorruptível e agora sou adulto.
João Rasteiro
*****
Onde estão
Os brinquedos que não tive?
Onde estão
Os livros que não pude ler?
Onde está
Tudo o que me foi fugindo?
Onde estão
As bonecas que só pude ver?
Onde estão
As histórias á lareira?
Contadas com amor
Docemente repartido
Onde está o que era meu?
Onde está
o que sinto ter perdido?
Onde estão
Os anos da minha infância?
A menina que não fui,
por onde vai?
Onde estão
os heróis da minha vida?
Onde estás pai?
Ell Alves
http://alvesbesuga.blogspot.com
*****
este é o meu pai
o meu pai tem os olhos grandes,
grandes e azuis,
olha-me fixamente por trás de um vidro que a minha mãe tem sobre a cómoda.
parece feliz!
quando vou para a cama, salto com ele a mão.
a minha mãe tem medo que o parta.
mas eu gosto!
sei que o meu pai não vai partir-se.
se o vidro quebrar coloca-se outro.
os olhos do meu pai continuarão grandes,
grandes e azuis,
o meu pai é uma flor azul e uma estrela que vejo da janela.
acho que me vê quando está acordado e deve gostar de sentir os saltos que damos no colchão.
eu gosto!
o meu pai não vem na noite de natal, não recebe prendas!
não vem nos meus anos e não me dá uma prenda.
nunca me deu uma!
não vem nos seus anos e fica sem prenda.
eu não gosto.
mas olho-o, e parece feliz!
a mãe diz que o colo do meu pai era grande. não o sinto, e ela dá-me o seu que é bem mais pequeno.
e eu gosto.
mãe?! quando vamos de férias a estrela do pai vai connosco?
Luísa Azevedo
http://pin-gente.blogspot.com
*****
CONTOS DE FADAS
Porque me contaste toda a infância, contos de fadas, todos diferentes cada noite, mas sempre, sempre, com um final feliz?
Porque me escondeste que as pessoas podem ser infelizes e sofrer?
Porque nunca me esclareceste que os príncipes e as princesas, escravizavam pessoas para viverem faustosas vidas?
Porque nunca me deixaste ver que a miséria está em todo o lado e, eu, não a conseguia ver, dentro da redoma onde tu me colocastes?
PAI, revisita-me no meu dormir, e conta-me todos os contos de fadas que ficaram por inventar.
Teresa David
*****
Pai, pergunto-te…
I
Pai, o que é poesia?
Filha, é a montanha que queremos subir.
Qual delas?
Qual é que queres subir?
Humm… pode ser a mais alta.
Não devias começar pela mais baixa?
Não, quero a mais alta.
Ok, eu ajudo-te.
E tu, pai? Qual é a que já subiste?
Filha, ainda agora comecei a subir a primeira.
Está bem.
Vamos a isso.
Pai, o que é a poesia?
II
Pai, as árvores estão a crescer muito.
Filha, dorme, é o vento nas folhas.
O vento abana uma árvore de alto a baixo.
Sobretudo um vento forte como este.
Dorme, amanhã irás para a escola
Com olheiras de marinheiro em terra.
Como são essas olheiras?
O marinheiro em terra, até o navio
Sair do porto, quer aproveitar a noite
E no outro dia, sem ter dormido,
Tem olhos de mocho e quase não
Pode encarar a luz.
Vou ficar assim, pai?
Não se dormires. Por isso dorme.
Deixa lá o vento e as árvores que dançam.
Mas elas estão a crescer muito,
Como se elas se revoltassem
Por séculos de a humanidade as maltratar.
Filha, por favor, dorme.
Queres que eu te conte uma história?
Sim. Sem ser de marinheiros.
Pode ser do marinheiro Ismael que encontra
Trabalho numa baleeira que andava atrás
Duma grande baleia branca.
Pode ser.
Começa assim… é o jovem marinheiro
Que conta a história:
Eu sou Ismael…
Pai?
Sim.
A janela.
Deixa estar.
Pai?
Sim?
Pergunto-te…
Carlos Teixeira Luis
http://verderude.blogspot.com
*****
O MEU PAI NATAL
O meu Pai Natal
aparecia sempre no meio
do barulho do bater
de tachos e panelas
e deixava-me no sapatinho
brinquedos d’encantar.
Uns grandes,
outros pequeninos,
mas todos tão lindos,
tão lindos,
que eu nem queria acreditar.
No meu Pai Natal
sempre acreditei
e nunca o via.
Apenas o imagino
tal como é.
Mas por certo
que muito queijo
ele comia,
pois na beira do fogão,
mesmo por baixo da chaminé,
ele sempre se esquecia
do seu cigarro.
Apresentado nunca me foi.
Até que um belo dia
descobri que afinal
o meu Pai Natal,
fumava “20-20-20” (três vintes)
e levava-me com ele
a pescar nas águas do Douro,
ali mesmo em frente
às terras de Avintes.
Eduardo Roseira
http://palavrasvivas-eduardoroseira.blogspot.com
*****
Névoa
As tuas cinzas ainda quentes
de encontro ao meu peito
brumas de uma praia esquecida
anjos e demónios
numa luta pelo paraíso perdido
a nogueira plantada
o castanheiro
que não resistiu ao fogo
os aromas de uma aldeia escondida
no jogo do pião eras o melhor
e
ninguém tocava harmónica como tu
Meu pai
amigo,
que mesmo sem saberes
me amavas,
sem me entender...
Que faço agora com o teu acordeão silenciado?
AnaMar
http://um-cha-no-deserto.blogspot.com
*****
Adagio
Muros de xisto,
tal como outrora cobertos de silvas,
ostentando amoras.
Caminhos.
Este já foi ribeiro, o ribeiro dos linhos.
Já não existe ribeiro, tão pouco o linho.
O pó esvoaça lento
por sobre o chão incerto e poeirento.
Caminho com dificuldade,
o sol poente ofusca-me a visão.
Percorro outro caminho, o da memória
que, como o xisto, se esboroa com o tempo.
Firme, a mão do meu pai segura a minha mão.
Regina Gouveia
http://www.docaosaocosmos.blogspot.com
*****
CONSTATAÇÕES
doce fruto maduro
sempre tarde
ilumina
bolhas brotando
água no escuro
ombro
debaixo do sol
plantio
pai
rio buscando o mar
o som do sino anuncia
só nasce o que precisa
Eunice Arruda
http://poetaeunicearruda.blogspot.com
*****
P
A
I
Pai
Aqui estou
Indo vida afora sem cansaço
Porque vou
Ao encontro do abraço
Impossível de te ter perto de mim
Perturbado o caminho
Ainda ssim
Irei sempre em frente até ao fim
Porque tive de ti
A matriz forte
Impossível de ficar aquém da morte
Pai
Aqui vou então cruzando a sorte
Irei sempre e a tua mão comigo vai
P
A
I
Jorge Castro
*****
foi na palavra pai
que vi das primeiras
vezes o mundo.
dizias-me para que
tocasse as emoções.
a palavra eu necessita
muitas outras para
ser escrita. “concordo
contigo”, diz
a minha filha. atrás
dela, esboçando um
ligeiro sorriso, está
a vida. (é inútil
tirarem fotografias).
Rui Tinoco
*****
Meu Pai
É lento e frio
este amanhecer
que a Março
abre as portas
ao som da música
que me atravessa o sono
e me aparece nesta
visão única, que guardo
dum tal respeito e semelhança.
A vida passa e tu não estás
procuro-te no fundo
bem no fundo de mim.
Vêem-me à lembrança
recordações daquele último dia
do teu olhar mais velho e cristalino
da água que te corria o rosto
e da ternura que jorrava em ti
o desaparecer dum sonho…
Recordo-te a cada passo
como se o passo, do passo
passasse a cada instante
em que te penso e me apareces
naquele derradeiro olhar
voltado sobre os ombros
tão profundo e sereno
na estação do teu mar.
E que seria o voltar
que te visse eu
no quanto a vista alcança
na estação do comboio
pedalando o triciclo que me havias dado…
José M. Silva
http://esquicospoeticos-avlisjota.blogspot.com
*****
Meu Pai
Noventa e duas primaveras (92)
a apalpar a vida,
a saborear quimeras
que bem imaginava,
vivendo na noite
para ser de dia,
o homem que queria
e lá não chegava…
Meu Pai
deixou-me ser criança,
em cada madrugada,
quando a casa chegava
e me beijava a testa,
num afago
antes de dormir, para voltar
ao labor, pela alvorada!
Sempre pronto a ajudar,
para esbanjar perdão…!
Quem lhe visse uma fresta
e que em apelo, evocasse
a sua filha,
traçava-o numa teia traiçoeira,
ardilosa armadilha,
porque sabia
que ele não sabia dizer NÃO!
Algumas vezes deixando
que a fartura lhe negasse o que pedia,
tudo o que sobrasse
era para quem devia e precisava,
ele dizia!
“Ela está a crescer… precisa mais que nós...”
E eu, que ouvia sempre a sua voz
no meu rosto uma lágrima colhia…
Meu Pai
de fácil trato
é o retrato do trabalho
que, apesar dos muitos anos,
é um ritual que mantém:
faz favores aos amigos
erguendo cedo
a vida já dorida,
organizando o tempo
em prol de quem não pode
ou quem não tem.
Ele é feliz assim…
Só lhe faz muita falta a minha Mãe…!
Elvira Almeida
*****
Os primeiros medos
Para o meu pai, que me ensinou a ternura das coisas simples do mundo
Quando descobri a morte
Pensei que morreria
Se morresses
E à noite não dormia
Pensava
Pensava
Pensava que talvez
Talvez se te escondesses
Naquela mina velha ao pé de casa
Talvez…
(Tu e a mãe e nós os três)
Talvez a morte não soubesse
E à noite
Iria um de cada vez
Buscar comida e água
Onde as houvesse
Depois
Contar-nos-ias histórias
E se chovesse
Falarias da chuva
E dos pastores
Como daquela vez
Em que nos levaste ao monte
E nos disseste
Que a chuva também tinha coração
E ficamos a ouvi-la
Na cabana que teceste
Segurando a tua mão.
Lucília Abrunheiro
*****
E, finalmente, o poema que foi escolhido para ser gravado em audio pelo locutor Luís Gaspar:
PAI
Amanhã é dia dos mortos
vai ao cemitério, vai…
Manuel Bandeira
Ao ler teu nome gravado
na pedra branca em silêncio
não sei que estranho momento
é este que se desenha
entre eu estar ali e a lápide.
Uma súbita presença
de contornos definidos
dá calor à pedra fria
e a mim um certo arrepio
de quase contentamento.
Comunhão que nada apaga
nesse instante fugidio
ao ler com a boca fechada
na pedra inerme calada
um nome que é meu inscrito.
António Salvado
*****
Terminando, deixo um obrigada a todos pela entusiasta participação, obrigada ao Luís Gaspar... e, até ao próximo passatempo.
....................
Relembro que este "espaço aberto" é um espaço de tertúlia e não de alguma espécie de competição. Para isso existem os concursos literários, com júris e prémios monetários.
A vossa participação nestes passatempos deve ser sempre na óptica da partilha, da sã convivência, para divulgarem o que escrevem. Por isso vos agradeço a forma como têm participado nestes passatempos.
Os participantes que recebem livros, são apenas os que foram mais rápidos a enviar as colaborações.
sexta-feira, 26 de março de 2010
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
La abeja en el muro
Jesús Enrique León
Centro de Estudios Ibéricos y Americanos de Salamanca, 2009
Le compuse un poema a este disturbio:
Los soles se envenenan de hastío
Trato y no puedo
ir a la oscuridad toda
de las miradas que me envuelven
Se derrama el pensar
voy a decidirme por un llanto
al menos él es mío
y no responde a la voz de mando.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
Dois Corpos Tombando na Água
Alice Vieira
Caminho, 2007
é tão fácil amar lugares
que não existem
recordar praças .....e pontes .....e travessas
onde nunca morremos por ninguém
quartos na penumbra de estores corridos
sobre a sonolência dos gatos em agosto
onde nunca chegámos atrasados
o tampo de mármore de mesas de café
onde as nossas mãos não se esconderam
por alguém ter entrado antes de nós
é tão fácil lembrar nomes .....e rostos .....e destinos
e colocá-los em nossos ombros .....e festejar com eles
as luminosas horas em que a vida
nos rodeava a cintura como um amante possessivo
e nós repetíamos o nome das cidades
onde nada disso tinha acontecido
é tão fácil assim
dizer adeus
sabendo que deus nem sequer assiste
à despedida
quarta-feira, 24 de março de 2010
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
Vou-me embora de mim
Joaquim Pessoa
Litexa Editora, 2002
Sei lá se quando morrer serei famoso.
Sou um doente acamado no Hospital das Letras,
as minhas dores são agora só as minhas dores e não as dores do mundo,
os meus sonhos confundiram-se com realidades frequentemente hostis
e quase sempre banais. Tenho alguma dificuldade
em respirar, esteja virado para onde estiver.
A cabeça dói-me. Está cheia de palavras. Penso verde.
Um verde lânguido e perfeito. Preciso. Verde súbito,
claro e raro. Que de tão verde cega. Que de tão verde esmaga.
Que de tão verde cresce. Um verde tão verde
como o verde que não há. Verdemente aceso
na minha noite verde, no meu quarto verde,
esmeralda profundíssima, levíssima e imensa.
Imenso verso verde, reverso de um outro verde intenso: o universo.
Eu sei lá se isto é já morrer, por ser assim. Sei lá se ser famoso é não morrer.
Neste Hospital das Letras uma coisa sei, uma coisa sinto,
uma coisa não me larga o pensamento: são as palavras
que nos matam. Não essas palavras duras, doidas, inexactas,
mas exactamente aquelas doces, quentes, responsáveis. As mais simples e amigas.
Aquelas que escrevendo-as nos escrevem. E que ao dizê-las
nos perseguem. E que ao pensá-las nos esquecem.
E eu vou morrer assim, minado de palavras. Tentando despojá-las,
mas nelas procurando o que há em mim, eternizando os mínimos momentos,
joeirando os seus cristais de som. E sei que sou delas a matéria
de reprodução. Sou delas alimento. E nelas me dissolvo.
Sou o doente que ao morrer devolve a própria vida. Às palavras.
Por mais frias que sejam. Ou belas, claras, disformes, pequeninas.
Todas elas festejarão a minha morte.
Todas elas serão as assassinas.
terça-feira, 23 de março de 2010
segunda-feira, 22 de março de 2010
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
Doze Cantos do Mundo
Amadeu Baptista
Prémio Literário de Sintra 2008
Câmara Municipal de Sintra, 2009
VAN GOGH: CAMPO DE TRIGO COM CORVOS (1890)
É cedo em Auvers-sur-Oise,
mas os malfeitores permanecem vigilantes.
Desde que me lembro a minha vida
é uma fuga
– fujo dos malfeitores
e, por isso, a minha cabeça não aguenta,
a minha cabeça treme,
e estou só,
e atravesso a terra de ninguém
como se fosse perseguido pelo demónio
e o demónio se aliasse aos anjos,
e tudo fosse, na terra de ninguém,
essa conjura.
É cedo em Auvers-sur-Oise,
e noto as cores
da perseguição,
verdes, azuis e cinzentos
convocam-me os sentidos,
mas estou alerta,
alerta como só um louco pode estar,
ou um profeta.
Theo,
tal como as nossas brigas,
também o sangue que me corre nas veias é eléctrico,
e é preciso que eu parta,
é preciso que eu parta,
definitivamente.
As paixões enervam-me,
destroem-me.
E já não sei como dormir,
como cuidar que a navalha
esteja num lugar em que a não veja,
porque a navalha, Theo,
fascina-me,
e, às vezes, odeio esta maldita pintura
que fez soçobrar o meu amor
e a minha vontade.
Os malfeitores permanecem vigilantes,
e eu só quero o sul,
só quero, cada vez mais, o sul,
e é com o sul que sonho
cada noite,
a navalha,
o sul,
o quadro inacabado
que aguarda
a indecisão da minha espátula.
Ainda não sei, Theo,
porque nasci
– um homem vem ao mundo
para trabalhar nas minas
ou arrotear os campos,
não vem para que se entregue ao suplício
e nele ponha a sua devoção
e a miséria.
Fosse eu um homem diferente, Theo,
o homem que julguei capaz de ser,
e talvez no hospital me entendessem
e deixassem de me olhar
como o vagabundo que sou,
com a roupa manchada de tintas
e este rosto de quem vive o tormento
de passar sem indiferença
pelos seus semelhantes.
Preciso, Theo,
do consolo das tuas palavras,
e de pincéis comuns,
e de alguém que me visite na prisão,
se eu for preso
por ter perdido a cabeça,
(treme-me, a cabeça)
e me ter insurgido contra a turbulência
com que me perseguem.
Ontem fui à taverna, Theo,
e as cores deslumbrantes com que vi aquilo
pareceram-me ser de uma bondade infinita
– trabalhei toda a noite,
e é inimaginável como o trabalho me rende
quando esta febre chega
e as cores,
todas elas,
zunem nos meus ouvidos,
se expandem no meu crânio,
e descem pelo meu braço:
há um laranja saturado que só eu sei
que existe,
a luz envolve-o,
as sombras querem conspurcá-lo,
mas eu resisto, Theo,
trabalho incessantemente
e rezo, baixinho,
para que Jesus me ouça.
Em presença deste laranja,
meu irmão,
fico em pleno uso das minhas faculdades,
(sim, a cabeça, a cabeça treme-me por dentro)
e sorrio dos que me chamam louco,
e aprovo-lhes a decisão de me manterem afastado
dos favores do álcool:
fico à porta da taverna
e o espírito eleva-se,
e fico ali,
sozinho,
a tentar pescar a terra.
Não, não me empanturro de vinho,
de grão-de-bico e lentilhas,
farto-me, isso sim, desta cor,
que é a cor da transfiguração
e do equilíbrio,
porque sou imundo e intocável,
por mais que os malfeitores me persigam
e eu seja desequilibrado
(treme-me, a cabeça).
Quero tocar com as mãos
coisas que nunca vi,
sem receio,
atravesso os campos enrubescidos
pelo dilúculo matinal
e ouço vozes,
ao longe,
ouço vozes desconhecidas
que me chamam
e me fazem ver o incriado,
a miragem,
a alucinação.
Não temo:
tingido de carmim,
o horizonte espera-me,
e os malfeitores perseguem-me,
e sou como Isaac
a morrer às mãos do anjo mensageiro
e corre-me pelas veias
um sentido de grande utilidade:
pinto e pinto,
e a luz absolve-me do mal
e da maldade.
Theo,
há momentos em que a terra se cobre de papoilas
e eu possuo todas as riquezas da terra,
e sou um pobre pintor
a exultar pela magnificência,
por este ocre queimado, da cor
dos peixes da terra,
por este laranja-de-cádmio
que me reconforta,
por este vermelho,
vivo e condescendente.
Um dia há-de chegar a revolta
dos desprotegidos,
e os malfeitores saberão
o que vale efectivamente perseguir
quando a tristeza perdura
e só um tiro de pistola
vem resolver a contenda
indisputável, Theo.
Por isso, vou para sul
e há-de ser a sul
que me encontrarei com Deus.
domingo, 21 de março de 2010
Outras sugestões para os próximos dias
23 de Março (terça-feira):
SEIA – Biblioteca Municipal
"Stand Up Poetry - Diz-se Poesia com Andreia Macedo"
Apresenta-se na Biblioteca Municipal de Seia
LIVRARIA MUNICIPAL
23.março.2010 • 21:00h
Biblioteca Municipal de Seia: Rua da Caínha - SEIA
........................................................
24 de Março (quarta-feira):
LISBOA – Casa Fernando Pessoa
JAZZ NA POESIA EM LÍNGUA PORTUGUESA
Poezz foi editado em 2004 e teve por base a pesquisa e organização de José Duarte e Ricardo António Alves. Os dois autores estarão presentes na Casa Fernando Pessoa, nas três sessões em que se falará de e ouvirá jazz, mas também alguma poesia que constitui parte da mesma edição, o outro tópico destas conversas. Próxima sessão:
DIA 24 MARÇO 18H30
José Duarte
Ricardo Alves
Fernando Pinto do Amaral
Rodrigo Amado
+
(combo jazz do Hot)
Casa Fernando Pessoa: R. Coelho da Rocha, 16 - Lisboa
PORTO – Clube Literário do Porto
Quartas Mal’Ditas
Data: Quarta-feira, dia 24
Horas: 21h30
Local: Piano bar
Tema: A poesia de Inês Lourenço: Tradição e Inovação
Intervenientes: Inês Lourenço e Sofia Lourenço, piano
Org.: Anthero Monteiro
........................................................
25 de Março (quinta-feira):
SERPA – Vemos, Ouvimos e Lemos
Apresentação do livro de António Murteira “Até Amanhã - em Laetoli no Alentejo como numa Lua” (Edições Colibri), no dia 25 de Março, pelas 21H30, no Espaço Vemos, Ouvimos e Lemos, em Serpa.
Apresentação pelo jornalista e escritor Paulo Barriga.
Com a presença do autor.
LISBOA – Bar Frágil
Frágil Poesia - 4ª edição
23H30.
Rua da Atalaia 126, Bairro Alto, Lisboa
Dia 25: "O ciclo encerra com um poeta de Braga que vive da sua própria poesia, e que descobrimos, um jovem que promete", explicou a mesma fonte.
Trata-se do poeta João Negreiros que lerá os seus versos acompanhado pelo músico Sérgio de Castro.
O poeta foi já distinguido no Brasil com o Prémio Internacional OFF FLIP de Literatura/2009.
........................................................
26 de Março (sexta-feira):
ÉVORA– Bibliocafé Intensidez
Apresentação do livro de António Murteira “Até Amanhã - em Laetoli no Alentejo como numa Lua” (Edições Colibri), no dia 26 de Março, pelas 21H30, no Intensidez Bibliocafé, em Évora.
Apresentação por Joana Caspurro.
Recital pela actriz Rosário Gonzaga.
Participação do Grupo de Cantares de Évora dirigido por Joaquim Soares.
Com a presença do autor.
........................................................
27 de Março (sábado):
PORTO – Clube Literário do Porto
Sessão de poesia sobre o Centro Histórico — no âmbito do Dia Nacional dos Centros Históricos
Data: Sábado, dia 27
Horas: 16h00 Local: Piano bar Convidado: José António Gomes (professor e escritor também conhecido pelo pseudónimo João Pedro Messeder) Org.: CLP e Anthero Monteiro
Mesa redonda sobre Alexandre Herculano — patrono do Dia Nacional dos Centros Históricos
Data: Sábado, dia 27
Horas: 21h30 Local: Auditório Intervenientes: Maria João Reynaud (“Herculano poeta”); Luís Carlos Amaral (“Herculano historiador”); Pedro Tavares (“Herculano político”)
LISBOA - Bar Na Cave
Dia 27 de Março, no Bar da Cave, por ocasião do lançamento da antologia "Resumo, a poesia em 2009" (FNAC-Assírio & Alvim), haverá uma leitura por vários dos autores aí representados: José António Almeida, Rui Miguel Ribeiro, Rui Caeiro, Diogo Vaz Pinto, Miguel Martins e David Teles Pereira. Por confirmar, estão as presenças de Tolentino de Mendonça e Ana Salomé.
R. Imprensa Nacional, 116b (na cave do Restaurante BS), Lisboa.
........................................................
28 de Março (domingo):
LISBOA – Casa Fernando Pessoa
JAZZ NA POESIA EM LÍNGUA PORTUGUESA
DIA 28 ABRIL 18H30
José Duarte
Ricardo Alves
Vasco Graça Moura
Nuno Miguel Guedes
+
(combo jazz do Hot)
Casa Fernando Pessoa: R. Coelho da Rocha, 16 - Lisboa
PORTO – Clube Literário do Porto
XaTa - Projecto de Poesia Teatral
Data: Domingo, dia 28
Horas: 18h00 Local: Galeria da Cave Intervenientes: XATA — Associação Cultural Tenda de Saias.
sábado, 20 de março de 2010
Mais logo, vou estar...
de António Murteira
onde irei dizer poemas do livro, ao som de acordeão.
O lançamento acontece hoje, 20 de Março, pelas 16 horas
e a Casa do Alentejo fica na Rua das Portas de Santo Antão,
em Lisboa.
No final, haverá um Alentejo de Honra.
Conto convosco!
Dia Mundial da Poesia em Mértola
André Gago e Helena Faria em
Poemas Cruzados
um olhar sobre a poesia israelita e palestiniana contemporânea
Cineteatro Marques Duque - Mértola
Celebrações do Dia Mundial da Poesia / Homenagem a Serrão Nartins
20 de Março, 21h - entrada livre
sexta-feira, 19 de março de 2010
Dia Mundial da Poesia na Cidade Velha
“A Invenção do Amor” (de Daniel Filipe) dá expressão ao Dia Mundial da Poesia na Cidade Velha, em Cabo Verde. No dia 21, às 19 horas, o Terreru di Kultura, na Baixa da Cidade Património da Humanidade, serve de palco a esta celebração que faz parte do calendário da UNESCO. “A Invenção do Amor” será dito a três vozes (as de José Braga-Amaral, de Sueli Duarte e de Nuno Rebocho), num ambiente adequado ao dramatismo expresso neste grande poema do autor cabo-verdiano que tem lugar de destaque na história tanto da literatura portuguesa, como das literaturas lusófonas.
Nascido na ilha da Boa Vista em 1925, Daniel Filipe foi levado muito novo para Portugal, onde cresceu e se fez homem. O seu inconformismo com o regime totalitário então vigente em Portugal, fizeram dele um autor que o colonial fascismo salazarista tentou silenciar. Mas os seus poemas (como “A Invenção do Amor”, 1961, e “Pátria, Lugar de Exílio”, 1963) tornaram-se denúncias e armas altissonantes que nem a Censura nem a PIDE (polícia política de Salazar) conseguiram neutralizar. Democrata convicto, Daniel Filipe foi dos primeiros a tomar partido pela candidatura presidencial do Marechal Humberto Delgado, em 1958, escrevendo a este respeito um romance notável, “Manuscrito na Garrafa” (1960).
“A Invenção do Amor”, escrito e publicado em 1961, ano em se intensificou a luta contra o regime de Salazar e nas colónias dominadas por Portugal eclodia a luta armada que conduziu às suas independências e ao derrube do totalitarismo português, deu continuidade ao intervencionismo de Daniel Filipe, saliente nos seus textos na revista “Seara Nova” e sobretudo na importantíssima revista cultural de que foi um dos fundadores e também director, “Notícias do Bloqueio”.
Daniel Filipe morreu novo, em 1964. Veio falecer a Cabo Verde, nunca escondendo a sua esperança de liberdade para os dois países nos quais decorreu a sua vida – Portugal e Cabo Verde, cuja independência e democratização desejou. Deixou uma bibliografia de notável qualidade, onde, além dos títulos já citados, são também de referir “Missiva” (1946), “Marinheiro em Terra” (1949), “O Viageiro Solitário” (1951), “Recado para a Amiga Distante” (1956) e “A Ilha e a Solidão” (1957), este distinguido com o Prémio Camilo Pessanha.
A Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago, que promove esta sessão em colaboração com Terreru di Kultura, orgulha-se de celebrar assim o Dia Mundial da Poesia.
Tendo como seus Cidadãos Honorários poetas como Mário Fonseca e Oswaldo Osório, Cidade Velha chama todos os seus amigos a festejar, com mérito, a Poesia num lugar que já construiu incontornáveis tradições culturais. Será uma sessão a não perder.
Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia
NUSSUN
Miguel Louro (fotografia)
Jorge Velhote (poesia)
Edição de autor, Dezembro 2009
Vem com a tua lança
Vem então pelos nocturnos
brilhos da madrugada na hora
em que os meus olhos
rompem para a claridade vem
com os anjos majestosos que
perfumam o teu olhar ver
da felicidade escorrer-me na
tua pele e nos caprichos da
boca as estrelas da tua coroar
vem com a tua lança ondular
a minha seara e cuidar o
solene espelndor do meu
olhar
Horas de Poesia no Estúdio Raposa
Andante comemora o Dia Mundial da Poesia em vários locais
Programa da Andante para os próximos dias:
19 de Março: Espectáculo Às escuras o amor, na Biblioteca da Moita para alunos do secundário.
20 de Março: Espectáculo Amnésia, na Biblioteca de Beja, às 17h00, para o público em geral. A entrada é livre.
21 de Março: (Dia Mundial da Poesia) Cristina Paiva estará no Câmara Clara
22 de Março:
Dia Mundial da Poesia em Vila Velha de Ródão
No próximo sábado, dia 20 de Março, pelas 11h00, o poeta António Salvado apresentará aos leitores de Ródão a sua mais recente obra, “Outono”, na Biblioteca Municipal José Baptista Martins. Neste livro, António Salvado aproxima a sua estética e sensível linguagem à da antiga poesia oriental, de que se revela profundo conhecedor. Darão voz às palavras de António Salvado o próprio autor e a Drª Maria de Lurdes Barata Gouveia.
Este evento foi também a ocasião escolhida para a apresentação do projecto da Biblioteca Municipal “Correio Poético” que, ao longo de um ano, fará chegar, por correio, e-mail ou SMS, textos poéticos, mensalmente, a todas as pessoas ou instituições que pretenderem aderir à iniciativa, bastando para tal contactar a Biblioteca. Com este “Correio poético” pretende-se estimular o gosto pela poesia, em todas as idades, e dar a conhecer novos autores deste género literário bem como textos menos conhecidos de autores consagrados. António Salvado oferecerá um exemplar do livro “Outono” a cada um dos presentes na apresentação.
O projecto “Correio Poético” abrangerá utilizadores da biblioteca, educadores - que funcionarão como mediadores do projecto - e animadores de lares de terceira idade, acreditando-se que, num ano, cerca de cento e vinte textos poéticos chegarão a meio milhar de pessoas, de forma personalizada e com uma imagem de marca reconhecível.
Os educadores que aderirem ao projecto receberão todos os meses, a partir de Abril, textos poéticos adequados à idade dos seus educandos, sendo-lhes proposta a sua leitura em voz alta, pelo professor ou por um aluno, podendo de seguida este ser explorado na aula ou, simplesmente, colocado num quadro criado para o efeito.
Os primeiros textos serão remetidos em Abril e os últimos em Março de 2011.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Dia Mundial da Poesia em Alpiarça
No dia 21 de Março, data em que se comemora o Dia Mundial da Poesia, a Biblioteca Municipal promoverá um espectáculo consagrado à música e à palavra poética. Assim, o espectáculo Cumplicidades - Poesia e Música Instrumental em Piano e Acordeão - subirá ao palco do auditório Mário Feliciano pelas 21h30.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Cidade aTravessa: poesia dos lugares
Travessa do Ouvidor, 17 – Centro – Rio de Janeiro
Bertrand oferece livros no Dia Mundial da Poesia
As livrarias Bertrand organizaram também várias actividades para este dia, que podem ser consultadas no Rascunho.
Sexta edição do Fala Escritor
Haverá uma palestra sobre Jorge Amado, intervenções musicais e lançamentos de livros.
Durante o encontro serão recitadas poesias pelos poetas Nádia Cerqueira, Bruno Máriston, Mauricio Sodré, Carlos Alberto Barreto, Janaína de Oliveira, Lucymar Soares, Josué Ramiro, José da Boa Morte, Isabel Bispo, Carlos Ventura, Lucelma de Oliveira, Priscila de Athaídes, Diego Oliveira, Danilo de Athayde Fraga, Tauat Letsorá (Luiz Silva da Silva e Silva), Isaac Matos, Vera Passos, Sandra Stábile, Leandro de Assis, Monique Jagersbacher, Renata Rimet, Valdeck Almeida, Fau Ferreira, Carlos Souza, Grigório Rocha, Malu Freitas e Dé Barrense.
O evento terá lugar no dia 20 de Março, a partir das 19H20, no Shopping Iguatemi.
Novidades Edições Sempre-em-Pé
Instrumentos de Sopro
O livro agora publicado nasce da colectânea intitulada El lugar, la imagen, editada em Espanha pela Editora Regional da Extremadura no ano 2006, com tradução para castelhano de Antonio Sáez Delgado. Os poemas aí incluídos fazem agora parte da segunda secção do livro, que surge ladeada por mais dois volantes, um prólogo e um epílogo.
matéria
sangue ou tinta? nada substitui o corte
na paisagem. pedra ou tinta? não interessam
as formas nem as figuras dispostas no paramento
que rompe a linha das casas. os vitrais escondem
a passagem de um navio por entre os dedos.
não existem imagens que os olhos reconheçam.
na memória avultam movimentos mínimos –
lábios recebendo no negro esplendor
a torre inteira, arquitectura de sangue.
pedra ou sangue? esqueço o horizonte.
contemplo os vitrais. gritos explodem
como sinos num dia de nevoeiro.
ou tocarão os sinos como gritos nesta torre
que permanece sobre o livro?
*
sangue, tinta, pedra. a inexistência
sobre o espaço, substituindo a existência sobre a terra.
a pedra como símbolo do sangue – o sangue
como tinta, elevando na superfície
da carne outra torre feita de vulcões e de memória.
nada resiste contudo ao efémero das raízes.
a erosão e a humidade desfazem e apodrecem
o corpo, a torre, a paisagem.
os átomos subsistem. mas no fim dos tempos
ninguém poderá distinguir no deserto
a torre do corpo, o corpo da tinta e do papel
que um dia registaram a transfiguração
da pedra, do sangue – nas palavras.
terça-feira, 16 de março de 2010
Aurelino Costa diz Miguel Torga
Para a apresentação deste CD de poesia, estão previstas as seguintes sessões de declamação, com Aurelino Costa e Victorino D'Almeida:
Fnac de Stª. Catarina:
18 de Março, pelas 18H00
Fnac do Mar Shopping:
20 de Março, pelas 18H00
Fnac do NorteShopping:
28 de Março, pelas 17H00
Os textos de Miguel Torga, mesmo que se refiram a temáticas urbanas, deixam sempre transparecer uma cultura da natureza, como se as palavras brotassem da terra e do granito das serras. Contudo, essa força telúrica oscila entre a rudeza dos sons e uma comovente ternura pelos seres e pelas coisas da vida. Dir-se-ia que é fácil encontrar uma resposta musical para as imagens literárias. Por outro lado, Aurelino Costa transmite-nos de uma forma admiravelmente impressiva a mensagem dos poetas, nomeadamente a de Miguel Torga, e a junção da música improvisada à solidez dos textos escritos torna-se quase intuitiva, tão natural no calor de um palco como na teórica frieza de um estúdio de gravação. Por tudo isto, é sempre para mim uma experiência fascinante trabalhar em conjunto com este extraordinário declamador.
António Victorino D'Almeida
(texto do folheto do CD)
segunda-feira, 15 de março de 2010
Revista Os Meus Livros, o adeus
Com João Morales à frente do projecto, esta era a única revista literária nas bancas que dedicava sempre algumas das suas páginas à poesia ou aos poetas.
Lamento o seu fim.
domingo, 14 de março de 2010
Venham daí esses poemas!
a propósito do Dia do Pai (19 de Março) este passatempo é patrocinado pelo autor Dinis H. G. Nunes que oferece 10 exemplares do livro "Pai sem Natal", editado pela POPSul, aos primeiros 10 participantes que enviarem poemas sobre o Pai.
Só será aceite um poema por participante e o prazo para a recepção dos poemas termina a 21 de Março (deverão fazê-lo através do e-mail: porosidade.eterea@gmail.com).
Os poemas serão aqui publicados na semana seguinte.
Se os autores desejarem divulgar os seus sites ou blogues deverão juntar aos poemas os respectivos links.
O locutor Luís Gaspar gravará um dos poemas participantes para inclusão num programa do Estúdio Raposa.
Nota: por favor, não deixem as vossas participações aqui na caixa de comentários, enviem-nas por e-mail, caso contrário não serão aceites. Não se esqueçam de enviar também as vossas moradas para poderem receber os livros.
Outras sugestões para os próximos dias
18 de Março (quinta-feira):
S. DOMINGOS DE RANA – Biblioteca Municipal de Cascais
Sessão de Noites Com Poemas, na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, no dia 18 de Março, pelas 21h30, com o lançamento do livro desdobrável - Ti Miséria -, com quadras de Jorge Castro e ilustrações de Carlos Augusto Ribeiro.
Participação de Ana Paula Guimarães, Joaninha (contadora de histórias) e Ignacio Vilariño (Galiza).
Apoio: IELT - Instituto de Estudos de Literatura Tradicional
LISBOA – Instituto Franco-Português
Sessão de poesia com Andreia Macedo em Lisboa, no Instituto Franco-Português, no âmbito da Festa da Francofonia (poemas romenos em versões portuguesas e francesas).
18 de Março • 20H00
O Instituto Franco-Português fica na Av. Luis Bívar 91, Lisboa
PORTO - Clube Literário do Porto
Poesia de Choque
Data: Quinta-feira, dia 18
Horas: 21h30
Local: Piano bar
Intervenientes: A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho
CALDAS DA RAINHA – Universidade Sénior Rainha D. Leonor
Sessão de Poesia na Universidade Sénior Rainha D. Leonor
A 2ª Sessão de Poesia do Ano Lectivo 2009/2010 da Universidade Sénior Rainha D. Leonor (USRDL), nas Caldas da Rainha, vai realizar-se no dia 18 de Março, pelas 15 horas, no auditório da escola.
Com o tema “Liberdade”, a 1ª parte será uma homenagem a Natália Correia, Sophia de Mello Breyner e Manuel Alegre, e a 2ª parte a outros poetas.
Serão intervenientes a professora Isabel Sá Lopes, os Jograis Frei Cristóvão do Colégio de A-dos-Francos, os Jograis da Universidade e os Jograis Canto Sénior.
A comunidade escolar, seus familiares e amigos são convidados a participar nesta Sessão de Poesia.
LISBOA – Bar Frágil
Frágil Poesia - 4ª edição
Dia 18 de Março: o actor José Wallenstein dirá vários autores de "Poesia Concreta" com música de Paulo Abelho & João Eleutério, e vídeo de Paulo Américo.
A "Poesia Concreta" integra autores como os brasileiros autores como Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos.
Frágil: Rua da Atalaia 126, Bairro Alto, Lisboa
LISBOA - Livraria Assírio & Alvim
Lançamento do livro ESCARPAS de Gastão Cruz (ed. Assírio & Alvim).
nNa Livraria Assírio &Alvim (Rua Passos Manuel, 67-B, em Lisboa) no dia 18 de Março, pelas 19h00.
A apresentação do livro será feita por Manuel Gusmão e haverá uma leitura de poemas por Luis Miguel Cintra.
No final da sessão será servido um pequeno cocktail.
....................................................................
19 de Março (sexta-feira):
ARRAIOLOS – Biblioteca Municipal
"Stand Up Poetry - Diz-se Poesia com Andreia Macedo"
Na Biblioteca Municipal de Arraiolos
Dia 19 de Março, pelas 21H30.
Uma espécie de “Vamos lá ver quanto tempo aguentas de pé a dizer poesia”…. ou “quanto tempo aguenta o público bem acordado a ouvir poesia”. Sem truques!, só a actriz, o público e os poemas – não os da própria… vamo-nos garantir com os Poetas. Nem mais nem menos, à excepção de emoções (que é do melhor para quem sofre de sonolência) e, talvez, de uma cadeira (para Stand Up mais alto). Depois, subtilmente, como quem só quer entreter, passar mensagens de beleza, consciência e humanidade de grandes autores.
....................................................................
20 de Março (sábado):
LISBOA – Casa do Alentejo
Apresentação do livro de António Murteira “Até Amanhã - em Laetoli no Alentejo como numa Lua” (Edições Colibri), no dia 20 de Março, pelas 16H00, na Casa do Alentejo, em Lisboa.
Participação de Fernando Mão de Ferro (Edições Colibri).
Apresentação pelo escritor Domingos Lobo.
Recital por Inês Ramos e Rosa Calado.
Com a presença do autor.
CASTRO MARIM- Biblioteca Municipal
"Stand Up Poetry - Diz-se Poesia com Andreia Macedo"
Na Biblioteca Municipal de Castro Marim
Dia 20 de Março, pelas 21h30.
Uma espécie de “Vamos lá ver quanto tempo aguentas de pé a dizer poesia”…. ou “quanto tempo aguenta o público bem acordado a ouvir poesia”. Sem truques!, só a actriz, o público e os poemas – não os da própria… vamo-nos garantir com os Poetas. Nem mais nem menos, à excepção de emoções (que é do melhor para quem sofre de sonolência) e, talvez, de uma cadeira (para Stand Up mais alto). Depois, subtilmente, como quem só quer entreter, passar mensagens de beleza, consciência e humanidade de grandes autores.
Biblioteca Municipal de Castro Marim: Rua 25 de Abril
PORTO - HUB
Lançamento do livro “Manual da Ilusão” de Hugo Costeira (ed. Temas Originais) no HUB Porto, Rua do Tâmega, em Paranhos, Porto, no dia 20 de Março, pelas 16H00.
Obra e autor serão apresentados por Isabel Maya.
....................................................................
21 de Março (domingo):
PORTO - Clube Literário do Porto
Portugal Poético e a Festa da Poesia — Dia Mundial da Poesia
Data: Domingo, dia 21
Horas: 18h00
Local: Piano bar
Intervenientes: Colectivo Portugal Poético e Amigos
Tema: Livre
Org.: Rui Fonseca
LISBOA - Livraria Fabula Urbis
No dia 21 de Março a Livraria Fabula Urbis comemora o Dia Mundial da Poesia e o terceiro aniversário da livraria com a tertúlia Chá com Poesia, a partir das 17H00.
A Fabula Urbis fica na R. de Augusto Rosa, 27, em Lisboa.